O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, apelou este domingo, 29 de setembro para que não se ilibe o Chega de “responsabilidades políticas” na negociação do Orçamento do Estado para o próximo ano (OE2025) e avisou que prefere perder eleições a abdicar das suas convicções.
“O tempo da tática política acabou”, afirmou Pedro Nuno Santos, no 19.º Congresso Regional do PS/Açores, que decorreu no Teatro Micaelense, em Ponta Delgada, Açores.
“Prefiro, para ser claro e frontal com todos vós, perder eleições a defender as nossas convicções e aquilo que achamos que é o melhor para o país do que abdicar das nossas convicções para evitar eleições com medo de as perder”, acrescentou.
Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que o executivo “deve perceber que o interesse nacional é mais importante” do que o programa do Governo e “não ser inflexível”, alertando que, caso contrário, a decisão passará para “o terceiro partido”.
Hoje, Pedro Nuno Santos defendeu que o “voto dos portugueses tem de ser respeitado” e reiterou que “o tempo da tática política acabou” e acusou o governo de radicalismo por “governar para uma minoria”, devido à proposta do IRS Jovem.
“Uma viabilização do por parte do PS tem consequência. Não podia deixar de ter. Eu sei, mesmo cá dentro, há quem ache que devíamos viabilizar sem ver, mas para isso tinham de ter um secretário-geral diferente. Nós não viabilizamos OE sem ver. Era o que faltava”, reforçou. Defendeu que a viabilização “sem mais” do OE por parte do PS representaria a “anulação do partido”.
Pedro Nuno Santos recusou as críticas do primeiro-ministro Luís Montenegro, que acusou o PS de ser radical e inflexível, afirmando que os socialistas “apenas querem a retirada de duas medidas” do OE, referindo-se à baixa do IRC e o IRS Jovem.
“Não queremos sequer 50% do Orçamento. Não queremos desenhar um OE a meias com quem governa. Quem governa tem de apresentar o OE e a posição tem de fazer o juízo, a análise e a avaliação”, vincou.
Depois, apelou a que se responsabilize o Chega, também, pelo eventual fracasso das negociações para a aprovação do OE2025.
“Não façam é o favor ao Chega de o ilibar de ser também um partido com responsabilidades políticas. Não isentem o Chega de responsabilidades. Não isentem o Chega de avaliação e de crítica porque esse é o pior serviço que estão a fazer à democracia portuguesa”, atirou.
“Deixar o Chega à solta, o PS anular-se como alternativa política ao PSD, esse sim é o melhor contributo para o Chega e para degradarmos a democracia portuguesa”, vincou.
Na sexta-feira, primeiro-ministro qualificou de “radical e inflexível” a proposta do secretário-geral socialista para o Orçamento do Estado 2025, mas disse que vai tentar um “esforço de aproximação”, concretizado numa contra-proposta a entregar na próxima semana.
Luís Montenegro referiu-se à proposta feita pelo secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, como “radical e inflexível”, considerando que “quer substituir o programa do Governo pelo programa do PS”.
Contudo, avançou, o Governo vai “tentar aproveitar parte daquilo que é proposto, com a legitimidade democrática que o Partido Socialista também tem” e, na próxima semana, entregará “uma contra-proposta, como tentativa de aproximar posições”.