Paulo Raimundo indicou hoje que aceitou um convite do Bloco de Esquerda para uma reunião para debater entendimentos na oposição ao futuro governo, manifestando-se disponível para “toda a convergência”, mas avisando que não pretende “diluir-se em qualquer projeto”.
O secretário-geral do PCP confirmou já ter recebido um convite do Bloco de Esqurda que, esta terça-feira, pediu reuniões com os partidos de esquerda e o PAN para analisar os resultados das eleições e debater convergências “na oposição ao governo da direita” e na construção de uma alternativa.
O líder comunista disse que há aspetos que só pretende abordar na reunião em questão, mas destacou que o que é necessário “é da convergência toda nas soluções da resolução da vida das pessoas”.
“Nós podemos falar em aspetos de convergência a longo prazo, mas do que nós precisamos é de convergência para os salários, para o aumento das reformas e pensões, convergências para atacar as questões do SNS e ela faz-se, como nós sempre dissemos, tendo a Assembleia da República como espaço importantíssimo, mas não é o único. Em grande medida, ela faz-se no concreto, nas ações, na rua”, disse.
Paulo Raimundo deu o exemplo da greve geral dos jornalistas, esta quinta-feira, e da greve nas carnes Nobre, no dia 19 de março, para salientar que são dois “momentos de convergência do ponto de vista da luta”, por “salários, melhores condições de trabalho”.
“Aí é que se vê as convergências, não é nas proclamações. Nós estaremos disponíveis para toda a convergência no concreto, com uma certeza absoluta. É que, se há coisa que o PCP não fará, nem isso serviria os trabalhadores e o povo, é diluir-se em qualquer projeto que seja, qualquer ideia de projeto que implique a sua diluição”, avisou.
Interrogado se considera que é esse o intuito de Mariana Mortágua, Paulo Raimundo disse que não, mas considerou importante que isso fique claro desde já.
“Nós não negamos nenhuma possibilidade de convergência, partindo deste princípio: aquilo que se coloca neste momento é a convergência concreta, nas questões concretas e, penso que é justo não pedirem ao PCP nem a ninguém, que dilua o seu próprio projeto. Porque nós temos uma alternativa, na qual estamos na disputa, da criação dessa alternativa”, referiu.
Questionado se a moção de rejeição que o PCP pretende apresentar ao Governo da AD será um dos temas que vai debater numa reunião com o Bloco de Esquerda sobre entendimentos, Paulo Raimundo admitiu que isso não lhe passou pela cabeça, mas que uma eventual convergência sobre essa iniciativa deve ser colocada a outros.
Na sua intervenção inicial, Paulo Raimundo salientou que o PCP vai desde já tomar a iniciativa no parlamento, apresentando medidas como o aumento do salário mínimo nacional para os mil euros já em 2024, o aumento extraordinário das reformas e das pensões ou ainda a reposição integral do tempo de serviço dos professores.
Questionado sobre como lê o resultado da CDU no Alentejo, Paulo Raimundo respondeu que a “única vantagem destas eleições” é que se acabou “de vez” com a narrativa de que os votos do PCP iam para o Chega, salientando que não foi por causa dessa transferência de votos que o partido de extrema-direita ganhou no Algarve.
“Tínhamos dito que era uma narrativa criada pelo PSD para justificar as suas próprias dificuldades e pelo PS para alimentar e alimentar-se das forças reacionárias. Os resultados dessas narrativas estão à vista e vai ser preciso fazer muita reflexão. Mas olhe que não é o PCP o único a fazer a reflexão sobre isso”, disse.