A Ordem dos Médicos esclarece, em comunicado, que não foi aberto nenhum processo disciplinar a qualquer médico, incluindo ao antigo secretário de Estado da Saúde, no caso das gémea luso-brasileiras que receberam tratamento para a atrofia muscular espinhal no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

Na nota enviada às redações na noite de terça-feira, o bastonário Carlos Cortes explica que “remeteu, no dia 11 de dezembro, para o Conselho Disciplinar da Secção Sul da Ordem dos Médicos, um pedido de averiguações para apurar se existem ou não indícios suficientes da prática de infração disciplinar nos médicos envolvidos não só na atividade clínica, mas também em todo o processo de decisão nos seus vários níveis”.

O nome de Lacerda Sales, governante na altura em que decorreu o tratamento das crianças, está a ser implicado no caso depois de ter sido noticiado que terá sido um secretário de Estado da Saúde a marcar a consulta para as gémeas, e que, inclusive, o agora deputado se terá reunido várias vezes com o filho do Presidente da República, Nuno Rebelo de Sousa, enquanto o processo decorria.

Em reação à abertura do inquérito de averiguações por parte da ordem, o antigo secretário de Estado considerou tratar-se de uma “inqualificável intromissão na atividade de um órgão de soberania” e disse que o bastonário procura “cinco minutos de fama”.

“Relativamente ao processo de inquérito promovido pela Ordem dos Médicos, em que o bastonário Dr. Carlos Cortes pretende que seja apurada, entre outros, a minha atuação enquanto secretário de Estado, eu diria que mais me parece uma oportunidade para o Dr. Carlos Cortes usufruir dos seus cinco minutos de atenção e fama por parte da comunicação social”, afirmou, em declarações à Lusa.

O tratamento das gémeas luso-brasileiras foi noticiado pela TVI há mais de um mês e tornou-se polémico por envolver suspeitas de uma cunha vinda de Belém, o que Marcelo negou desde logo. Contudo, um mês decorrido das primeiras notícias, deu uma conferência de imprensa para esclarecer que, afinal, recebera um e-mail do filho a dar conta do caso das crianças e a pedir informações sobre se o Hospital de Santa Maria iria ou não responder ao pedido que a família das gémeas lhes tinha feito.

O chefe de Estado garante, no entanto, ter dado um tratamento “neutral” ao caso, rejeita existir favorecimento, e assegura desconhecer as diligências que se seguiram depois de ter remetido o assunto para o gabinete do primeiro-ministro que, por sua vez, o despachou para o Ministério da Saúde.