A oposição venezuelana realiza no próximo domingo eleições primárias para eleger o candidato que será adversário de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais previstas para o segundo semestre de 2024. As primárias vão decorrer na Venezuela e em 32 outros países, entre eles Portugal, que terá mesas eleitorais nas cidades do Funchal, Lisboa e Porto, sem o apoio técnico do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano.
Está confirmada a participação de dez candidatos, entre eles a engenheira industrial Maria Corina Machado, fundadora do partido político Vente Venezuela, que é tida como favorita, mas que foi desqualificada para exercer cargos públicos, situação que diz não ser um impedimento para concorrer contra Nicolás Maduro.
Machado define-se como liberal e propõe abrir os mercados, privatizar empresas e dar oportunidades a investidores em diversos setores, além de transformar “a Venezuela no ‘hub’ energético das Américas”.
Entre os candidatos está também a juíza independente luso-venezuelana Glória Pinho, que diz não se sentir representada por nenhum partido ou político venezuelano, e que assume como objectivo fazer da Venezuela um país do primeiro mundo.
O lote de candidatos inclui também a advogada e ativista dos direitos humanos Tamara Adrián, que em 2015 se transformou na primeira mulher transsexual a ser eleita deputada, que quer ver dignificada a comunidade LGBTIQ+ e tem o apoio do Movimento Unidos pela Dignidade.
O candidato César Pérez Vivas, do partido Concertación Ciudadana, quer eliminar a reeleição presidencial consecutiva, reduzir de seis para cinco anos o mandato do Presidente da República, disciplinar os gastos públicos, privatizar algumas empresas do Estado e um salário digno para trabalhadores.
Apoiado pelo partido Unidade Política Popular 89 (UPP89), o empresário César Almeida, propõe-se desenvolver as infraestruturas venezuelanas e a economia do país – em particular em áreas como o turismo, o comércio, os setores industrial e agropecuário, além das empresas estatais – e promete devolver as empresas expropriadas e avançar com um programa nacional para apoiar a produção de milho, arroz, cana-de-açúcar, entre outros, para garantir o abastecimento local.
Andrés Caleca, economista, professor, e ex-presidente do Conselho Nacional Eleitoral, traça como meta resgatar a confiança dos venezuelanos no sistema eleitoral venezuelano, e insiste que é preciso derrotar a abstenção porque “só beneficia o chavismo”, regime herdeiro de Hugo Chavez, de que Maduro é principal protagonista.
Andrés Velásquez, antigo governador do estado de Bolívar e ex-candidato presidencial do partido Causa R, diz que se ganhar governará por “uma Venezuela digna” e promete criar um fundo de ‘royalties’ do petróleo para pensões, a par de incentivar o investimento através da promoção da segurança jurídica e clarificação da regulamentação económica.
Delsa Solórzano, advogada, promete que o seu primeiro decreto será para libertar os presos políticos e quer uma “transição para a democracia” no país, além de oportunidades de vida para os venezuelanos.
Luis Balo Farías, médico veterinário e independente, que mudar as estruturas jurídicas, políticas e sociais do país, enquanto Carlos Prosperi, do partido Ação Democrática, defende eleições gerais ao terceiro ano do mandato presidencial, a libertação dos presos políticos, o fim de processos judiciais contra partidos políticos e a separação dos poderes no país.