Barack Obama comentou, nos seus círculos mais próximos, que Joe Biden deve “reconsiderar seriamente” o futuro da sua recandidatura, noticiou hoje o The Washington Post.

Segundo o jornal norte-americano, que cita fontes que têm acompanhado o processo e que falaram na condição de anonimato, Obama acredita que as possibilidades de vitória de Biden nas eleições presidenciais de novembro “foram consideravelmente reduzidas”.

Obama falou com Biden apenas uma vez desde o debate com Donald Trump, que levantou amplas questões sobre a idade do líder democrata e as suas capacidades para enfrentar um segundo mandato, e tem deixado claro em conversas privadas que o futuro da candidatura de Biden é uma decisão que cabe só ao presidente tomar.

Obama terá manifestado, em círculos fechados, preocupação com os números apresentados nas sondagens, que dão uma vitória clara a Trump, e com o facto de alguns doadores estarem a abandonar a campanha do presidente norte-americano.

Nos bastidores, Obama tem estado profundamente envolvido em conversas sobre o futuro da campanha de Biden, atendendo telefonemas de muitos democratas ansiosos, incluindo de Nancy Pelosi, indicou o The Washington Post.

Em público, Pelosi, influente líder democrata, tem sido enigmática nas suas declarações públicas sobre o futuro de Biden. Contudo, em privado, alertou Biden que não conseguirá derrotar Donald Trump nas presidenciais e que perderá o Congresso para os republicanos, noticiou hoje a CNN.

Esta conversa privada soma-se às que o presidente norte-americano manteve nos mesmos moldes com Chuck Schumer, líder do Senado,  e Hakeem Jeffries, líder da Câmara dos Representantes,  que sucedeu a Pelosi.

Tanto Schumer como Jeffries alertaram Biden de que a sua candidatura põe em perigo a atual maioria democrata no Senado e dificulta a recuperação da Câmara dos Representantes, segundo o The Washington Post.

“A reunião [entre Schumer e Biden] discutiu sondagens recentes, o Partido Democrata e para onde está a ir”, indicou fonte próxima do líder democrata no Senado, dizendo que a conversa “foi baseada nos problemas recentes enfrentados pelo presidente”.

Estas três conversas ocorreram na semana passada, antes da tentativa de assassinato contra Donald Trump, mas só nas últimas horas é que foram divulgadas aos meios de comunicação norte-americanos.

A pressão sobre Biden para renunciar à candidatura e abandonar as aspirações à reeleição cresceu desde o debate presencial no final de junho com Trump, de onde o democrata saiu com a imagem gravemente prejudicada.

Pelo menos 23 legisladores democratas (22 congressistas e um senador) pediram publicamente a Biden que renunciasse à sua candidatura e entregasse a nomeação a outra pessoa, mas o presidente norte-americano tem sido persistente na sua intenção de continuar na corrida à Casa Branca.

Biden afirmou numa entrevista à BET News, publicada na quarta-feira, que reconsideraria a sua decisão de continuar a campanha para as eleições de novembro se um médico lhe diagnosticasse um problema de saúde grave.