Pedro Passos Coelho já não é uma figura que assombra Luís Montenegro, tornou-se tangível, com três intervenções seguidas que tornam ainda mais complicado o início da governação do PSD e CDS-PP, já embrulhada em casos próprios.

Primeiro, foi a apresentação do livro Identidade e Família, que o tirou da “posição bastante discreta quanto à ocupação do espaço público” em que disse estar, colocando-o na berlinda como conservador. Depois, mais incisiva, a entrevista ao Observador, em que Paulo Portas sai maltratado, por episódios em que é contada a falta de confiança, e em que Montenegro é apontado pela tentativa de se “desligar” do legado passista, durante o qual foi um “grande líder parlamentar”. A seguir, uma terceira vez, em menos de uma semana, à porta fechada, mas com muitos convidados, em que se referiu ao se projeto inacabado por culpa da geringonça de António Costa.

Passos Coelho sabe, claro, que as suas intervenções no espaço público são seguidas e que têm repercussão – e não só na ala direita do Parlamento –, mais ainda com o PSD e o CDS-PP no governo, que ficam sob pressão para darem resposta a uma oposição interna, que não o é, mas parece.

Para quem não pretende “andar a criar constrangimentos” ao atual primeiro-ministro, mas, apenas, “de quando em vez, poder dizer alguma coisa” do que pensa, o antigo primeiro-ministro e antigo presidente do PSD, que é reconhecido pela gestão que faz do silêncio, parece falhar no tempo do uso da palavra.

Ou não e aquilo a que assistimos é a corporização do tal agregador de toda a direita, ainda que não seja evidente o destino.