“30% dos jovens nascidos em Portugal vivem fora do país”: foi esta a preocupante manchete do Expresso de sábado passado. Os números são arrasadores e constam do Atlas da Emigração Portuguesa, obra lançada esta semana. Ora vejamos: mais de 850 mil jovens com idades entre 15 e 39 anos residem, atualmente, fora de Portugal. Em média, de 2021 para cá, saíram, por ano, 75 mil portugueses.

Com os picos da emigração a decorrerem entre 2010 e 2019 – se descontarmos, por razões óbvias, os quatro anos que Pedro Passos Coelho esteve a governar e a reorganizar o país devido à intervenção estrangeira, vulgo troika, por causa da desgraça que foi a governação de Sócrates –, verifica-se que, nos últimos oito anos, o PS e António Costa não conseguiram suster esta hemorragia emigratória. Não o conseguiram porque não o souberam nem o quiseram fazer.

E deste modo, pela irresponsabilidade e incapacidade governativa socialista, está Portugal a perder a sua geração mais bem formada e qualificada de sempre. E se é certo – sejamos honestos – que alguns destes jovens querem mesmo trabalhar fora do país, a grande maioria quereria, certamente, ter boas oportunidades no seu próprio país, junto dos seus familiares e amigos, mas tal não acontece.

Esta situação, que o Estado e os governos da República não têm olhado e tratado com a devida atenção que se exige, coloca inclusivamente em risco a viabilidade da Segurança Social, ou seja, das pensões e reformas do futuro, mas também da própria nação. É que, pasme-se, estes são os números e não mentem: um terço das mulheres em idade fértil está também fora de Portugal. E, não o esqueçamos, um dos grandes e graves problemas da sociedade portuguesa, quer social, quer economicamente, é precisamente a baixíssima natalidade e o envelhecimento da população. E o PS ainda diz que trata bem as mulheres!

Este autêntico êxodo continua sem resposta. Pior: 60% dos emigrantes que regressam dizem-se dispostos a voltar a emigrar. O que significa que o Estado continua sem dar respostas que façam regredir estes números.

Não há criação de emprego, não há criação de oportunidades, não há melhores salários e melhores condições de trabalho, não há uma política que incentive de modo lógico e exequível a aquisição de casas próprias acessíveis, a custos controlados, e a constituição de famílias. Não há a cultura do mérito. Ou seja: para os jovens, o que há é muito pouco. Somos, pois, e cada vez mais, um país de velhos, em que nem sequer já temos jovens disponíveis para trabalhar e cuidar dos mais velhos. Este é, infelizmente, o retrato do nosso Portugal.

Na Madeira e no Funchal, dentro das nossas competências, temos procurado reverter esta situação. Com benefícios fiscais para os mais jovens e com a construção de habitação social e a custos controlados, que terão, nestes próximos anos, um grande incremento.

É bem verdade que uma andorinha não faz a primavera e é necessário que o país mude radicalmente. Só que, como se viu nestes últimos oito anos, isso não acontecerá com o PS no governo.

Presidente da Câmara Municipal do Funchal

Artigo publicado na edição do NOVO de sábado, dia 20 de janeiro