O navio da ONG espanhola Open Arms carregado com 200 toneladas de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza partiu hoje do porto cipriota de Larnaca.

Depois de vários atrasos desde domingo, o navio zarpou pouco antes das 7h00 (hora de Lisboa), disseram à agência EFE fontes da Open Arms e da World Central Kitchen (WCK), a ONG fundada pelo chef espanhol José Andrés.

Este carregamento é um teste para a abertura de um corredor marítimo para fornecer ajuda à Faixa de Gaza, onde a fome se espalha cinco meses após o início da guerra entre Israel e Hamas.

A WCK está a cooperar com os governo dos Emirados Árabes Unidos e de Chipre e com a Open Arms no âmbito da ajuda humanitária a Gaza, segundo relatou a ONG num comunicado.

“Depois de semanas de preparação, a nossa equipa em Chipre carregou quase 200 toneladas de alimentos no navio Open Arms, que irá entregar a ajuda desesperadamente necessária”, acrescentou.

No enclave palestiniano, “a WCK serviu mais de 35 milhões de refeições em Gaza desde outubro”, destaca a nota, lembrando que “a situação continua a evoluir”. Em Gaza, a ajuda será recebida pelas equipas WCK.

A operação das duas ONG espanholas começou a ser planeada há meses e o navio Open Arms estava no Chipre desde meados de fevereiro para abrir um corredor marítimo com Gaza e aliviar a difícil situação humanitária causada pelo bloqueio de Israel e pelos bombardeamentos em resposta aos ataques do grupo islâmico Hamas, no passado dia 07 de outubro.

A operação tem autorização dos governos do Chipre, de Israel e da Autoridade Nacional Palestina, segundo a Open Arms.

O barco transporta cerca de 200 toneladas de alimentos, entre eles farinha, arroz e latas de atum para entregar à população palestiniana, ameaçada pela fome após cinco meses de guerra entre Israel e o Hamas.

Os Estados Unidos anunciaram separadamente planos para construir uma ponte marítima perto de Gaza, a fim de entregar ajuda, mas deverá demorar várias semanas até estar operacional.

As organizações dizem que é quase impossível entregar ajuda em grande parte do território devido às restrições israelitas, às hostilidades em curso e ao colapso da lei e da ordem, depois de a força policial dirigida pelo Hamas ter desaparecido em grande parte das ruas.

Não está ainda claro quão eficazes serão as entregas marítimas na resposta à catástrofe humanitária, uma vez que ainda haverá dificuldades na entrega da ajuda quando esta estiver dentro de Gaza.

A guerra já matou mais de 30 mil palestinianos e expulsou cerca de 80% dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza das suas casas. A ONU diz que um quarto da população está a morrer de fome. O ataque que desencadeou a guerra matou cerca de 1.200 pessoas e os atacantes fizeram cerca de 250 reféns.