Luís Montenegro admitiu hoje que o Governo não pode garantir “de um mês para o outro” que haverá professores para todos os alunos no arranque do ano letivo ou alojamento estudantil no ensino superior a preço comportável, durante a una assinatura de acordos entre Governo, ordens profissionais e ensino superior, que se traduzem em mais 709 camas para o alojamento estudantil e na criação de cheques-psicólogo e cheques-nutricionista para estudantes do ensino superior, numa cerimónia em que participaram também os ministros da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, da Juventude e Modernização, Margarida Balseiro Lopes, e do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Maria do Rosário Palma Ramalho.

“Fazer tudo isto é preparar o país para as próximas décadas, é olhar para ações que muitas delas não têm efeito imediato”, afirmou o primeiro-ministro, deixando um lamento a poucos dias do início do ano letivo.

“Infelizmente, sr. ministro da Educação, apesar de todos os esforços que estamos a fazer e vamos continuar a fazer, não estamos em condições de poder dizer que, de repente, de um mês para o outro, já vai haver professores em todas as escolas e a todas as disciplinas e não vai haver alunos a serem prejudicados por não terem professores pelo menos a uma disciplina”, disse.

Da mesma forma, acrescentou, o Governo também não está em condições de dizer que “todos os estudantes que concorreram a um curso no ensino superior vão ter alojamento a um custo comportável para as suas carteiras”.

No entanto, disse, se o executivo “for solucionando problema a problema com uma visão transversal a comandar” poderá ir reduzindo as desigualdades no acesso ao ensino, problema que disse inquietá-lo como primeiro-ministro.

“É repugnante, do ponto de vista cívico, que uma pessoa, um jovem, um aluno possa batalhar 12 anos da sua vida em busca de determinado resultado académico (…) e não o consiga concretizar por não ter condições para alojar perto da instituição. É injusto e não podemos permitir que isso aconteça”, defendeu.

O primeiro-ministro considerou que “o maior desafio que o país enfrenta” é ter a capacidade de desenvolver e reter o talento que tem, considerando “muito frustrante” que uma das maiores exportações do país “seja o capital humano a custo zero”, quando jovens qualificados se veem forçados a emigrar.

“Contrariar esta tendência e aproveitar este potencial é um desígnio que a nossa geração não pode falhar. Se nós falharmos, vamos deixar aos que vierem a seguir um país mais pobre, com menos capacidade de dar oportunidades aos que se seguirão a nós”, avisou.