O abrandamento da inflação ajuda, sobretudo no consumo privado, o investimento está a aguentar-se com o PRR e a procura turística crescerá mais do que no terceiro trimestre. E isso ajudará a que o fim do ano seja ligeiramente mais positiva, após a contração de 0,2% do PIB em cadeia em setembro, mas os efeitos positivos não chegarão para inverter a desaceleração homóloga.

As conclusões estão expressas no Barómetro da Conjuntura Económica da CIP e do ISEG, que antecipa para o total do ano um crescimento entre os 2,1% e os 2,2%, realçando que, “à exceção do comércio a retalho, a evolução dos indicadores de confiança registou, em outubro, descidas” de diferentes ordens: “ligeira na construção, moderada na indústria, e mais substancial no setor dos serviços. Também o indicador de confiança dos consumidores voltou a cair”, registam as instituições, alertando para o facto de não serem ainda conhecidos os efeitos da crise política desencadeada a 7 de novembro.

Esse evento, espoletado pela Operação Influencer e que levou à demissão do primeiro-ministro, “pode ter impacto negativo, embora uma possível contração do consumo provocada pela quebra da confiança não seja, para já, certa”, antecipam CIP e ISEG.

“A queda da inflação está a ajudar a reduzir o impacto da travagem económica em curso, já que ajuda as famílias e as empresas no dia a dia. Os ventos contrários mantêm-se, no entanto, prevalecentes, agora também com o contributo da indefinição política que atravessamos e que se manterá durante longos meses”, explica o presidente da CIP. Armindo Monteiro explica que empresários e gestores enfrentam “um período de enorme incerteza nacional e internacional que, infelizmente, não será contrariada pelo Orçamento do Estado para 2024, que abdicou de intervir positivamente na economia”.

Para o líder da CIP, este OE deveria “estimular o investimento privado e incentivar a recapitalização das empresas, o caminho mais seguro para proteger o emprego”. Não o tendo assegurado, Armindo Monteiro deixa uma questão: “Até quando resistirá este dique? Receio que não por muito mais tempo.”