“Com estes factos, se Costa se mantivesse em funções ficava politicamente diminuído, apesar de não estar ainda acusado de nada.” Por isso, “fez bem em demitir-se”, considerou nesta noite Marques Mendes, em comentário na SIC.

“Não sei se é vitima de factos”, mas é “pouco prudente na escolha dos colaboradores”, considerou ainda o comentador, concretizando que “escolher para chefe de gabinete, para braço-direito, alguém profundamente ligado a Sócrates — como é Vítor Escária — é uma imprudência política”.

Conclui, por isso, que António Costa estará “a pagar as escolhas que fez e as ligações que tem”.

Há várias fases nas investigações, lembrou ainda Marques Mendes, mas sendo o PM há contornos diferentes. E ainda que não se saiba o que está na investigação, sabe-se que ninguém está acima da lei e havendo uma investigação Costa perderia politicamente a legitimidade. Por isso, independentemente dos factos e de vir a ser arguido, “tomou a decisão correta”.

E agora, seguimos para eleições antecipadas? O comentador lembra que há duas soluções, mas só uma faz sentido. “Há a solução de eleições antecipadas ou de pedir ao PS que nomeie um novo PM. Mas na prática só a dissolução faz sentido. Sobretudo por uma razão: o PR quando deu posse a António Costa foi muito claro, disse que se ele saísse de PM devolveria a palavra ao povo. Porque a vitória por maioria absoluta fora uma vitória pessoal dele. Em coerência, não tem alternativa”, conclui Marques Mendes, dizendo ver todos os sinais nesse sentido. Fala de convocar partidos e Conselho de Estado.

Também o PS precisa de tempo para se reorganizar, por isso vê semelhanças com 2001 e Guterres: dar tempo para processo interno no PS. Mas também no caso de Santana: o OE2024 está em discussão na especialidade, termina a 29 deste mês. Uma coisa é o momento em que anuncia, outra o decreto , que será provavelmente uns dias depois para permitir aprovação do OE.

Quanto a candidatos, Marques Mendes não tem grandes dúvidas: Montenegro e Pedro Nuno Santos vão defrontar-se nas próximas legislativas. “Montenegro não oferece dúvidas, ainda que tenha de resolver se vai a solo ou coligado pré-eleições, com CDS e/ou IL — e terá de o resolver nas próximas semanas. No PS haverá eleições internas”, antecipa, e Pedro Nuno Santos é quem tem melhores condições para liderar a seguir o PS, porque é de longe quem tem mais apoio nas estruturas e nas bases do partido. Ainda que possam surgir mais candidatos.

E a carreira política de Costa acabou hoje? O comentador não vê que assim seja. Ainda que agora um cargo europeu seja “altamente improvável”, António Costa poderá eventualmente ser candidato a PR, acredita Marques Mendes. “Hoje é um momento difícil para ele e para a carreira dele, mas estamos longe de poder dizer que António Costa está morto politicamente.”