Como alcançar e aproximarmo-nos dessas mentes indolentes e insolentes?

Estamos perante um descalibrado e descarrilado setembro 2024 de que, igual ou pior, não me lembro! O jornal abro e quase só deparo com descalabro atrás de descalabro! E por que isso não para ou não há reparo? É o demente ao vir de cima da (des)humana mente, que bate fundo, colocando a racionalidade na mó de baixo. E tão relesmente baixo… São mentes fracas e enfraquecidas: o fogo maligno não está apenas naquelas fantasmagóricas chamas que incendeiam matos e florestas. Está, sobretudo e primeiramente, em determinadas mentes tão inclementes. Mentes manipuladas e viciadas no uso abusado da maldade, da iniquidade, da brutalidade.

E tudo isso a rentear, sem escrúpulos, a crápula monstruosidade de uns quantos energúmenos sem fronteiras! E que vão proliferando… Lewis Mumford alega, num livro seu, que “no modo de vida utopiano, cada homem goza da possibilidade de ser um homem, porque ninguém tem a possibilidade de ser um monstro”. Não é isso que temos visto: há monstros humanos que o têm sido e este é um problemático pesadelo bem real, que não mera utopia!… Aumenta a apetibilidade acelerada para o amargo da não impossibilidade, contra aquilo que é o dever ser. Mas, na Terra, porquê e para quê ter o invernal diabo e conter este infernal travo?!

 

Como acertar e consertar tais mentes imprudentes e reincidentes?

Ao abrir do mês soube-se da calamitosa ação do “homem” e seu discípulo – ambos bichos imundos – que drogavam e violavam a sua mulher ao longo de anos, repetidamente, enquanto estava inconsciente. E já se veio a saber que este não foi caso único na França… Os outros aproveitadores covardes não são menos culpados que esses, ao terem aceite e desejado cometer tal atrocidade. Para eles, também não há/haja desculpabilidade. Como é possível o ser humano chegar a este ponto? De tão funesto, tão nojento, tão tonto! E a constante coragem da senhora Gisèle Pelicot é tão grande quanto a sua dor, de não ter medo nem vergonha de se expor. Lançando, assim, o repto a todas as mulheres (sobretudo vítimas) de denunciarem tais crimes, para que deixem de existir.

Ou da notícia surgida, mais uma vez, de pessoas funcionárias que batiam, sediavam e insultavam idosos em lar ilegal (desta feita em Oliveira de Azeméis)…

 

Como lidar e contornar as inúmeras mentes inconvenientes e prepotentes?

Dois dias depois, foi notícia algo terrível que, estranhamente, já não é inédito por cá e que, volta e meia, se vai lendo/ouvindo/vendo: uma mulher (a atleta olímpica do Uganda) morreu queimada pelo seu companheiro, à frente das filhas, após ser regada com gasolina… Mas o que é isto?! Queimados devem estar os “fusíveis cerebrais” desse indivíduo ao cometer tal selvajaria: quem pode estar de consciência normal, decidida e tranquila ao fazer tal coisa? E que autoridade e capacidade terá ele em educar futuramente as filhas ao executar esse crime, mesmo que passional ou não, roubando-lhes para sempre a mãe?…

 

Como não se deixar influenciar por mentes displicentes e inconsequentes?

No dia seguinte, sábado 7, um fenómeno já antes sucedido no estabelecimento prisional de Vale dos Judeus repercutiu-se, embora em menoríssima escala (5). Não vou avançar com «juízos de valor» sobre o que tem sido ou não feito desde 1978, ano em que 124 reclusos se evadiram das mesmas instalações (embora usando outra técnica: um túnel subterrâneo). Mas não consigo entender como, segundo a DGPJ, nos últimos 15 anos foram já 160 os que fugiram das prisões portuguesas! Mesmo que tenham sido tomadas medidas ao longo dos anos, apesar da precariedade dos agentes prisionais e de se saber da conivência/corrupção por parte de alguns deles para tais ocorrências se visarem (ou para deixarem entrar droga e telemóveis para os reclusos), algo de ineficaz e insuficiente se denota arrastadamente no sistema prisional nacional (que não de agora). Daí estar “obsoleto”, conforme o descrevem muitos guardas. E se somos o 7.º país mais seguro do mundo (ranking atual, julho 2024), como é possível:

– haver mais de 12.150 reclusos em Portugal (mais uns 800 do que no ano anterior) e acima da média europeia?

– serem os que cumprem maior tempo de pena prisional na Europa?

– termos 49 cadeias no país e com uma ocupação de «alto risco», dada a taxa superior a 90% de sobrelotação?

– na dita prisão em questão, para mais de 500 reclusos só haver 16 guardas em serviço?

São, ou parecem ser, inauditos paradoxos, alheios à compreensão da razão!…

 

Como finar e de vez limpar com todas as mentes negligentes e incomplacentes?

E estivemos toda a semana passada com o país a arder, literalmente, no centro e norte mormente. Todas as teorias que se têm escutado também não são novas e permanecem quando algo mais de sinistro acontece: os incendiários e os seus “mandachuvas”, os interesses e interesseiros madeireiros e demais negócios ligados à maquinaria do combate aos fogos, a gestão florestal e os somente cerca de 500 guardas-florestais ao serviço (da GNR), etc. Mas tudo o que já foi queimado e ardido é indescritível – e não é nada pouco! –, bem como aquele irrespirável cheiro e um ar irreparavelmente sujo, feito cinzeiro.

Já para não falar daquele sol tão ferido. Dia após dia vimos um sol laranja forte, nada apetecido, tal como nós ficamos quando apanhamos um escaldão ou uma queimadura. E ao olhar para esse sol – não belo por que de tonalidade não natural – fez-me lembrar aquele emoji de quando alguém está enraivecido, em que fica dessa mesma cor. Eis um sol como todos nós com o sucedido – aflito, penoso e tristíssimo –, de infeliz acordo com o alerta de A. Guterres: “a era do aquecimento global terminou e a era da ebulição global chegou”. Que sina a nossa: acorda e mexe-te, ó Planeta, que já vais tarde!…

 

Já basta de mentes “doentiamente doentes” e contraproducentes!

Oxalá o sistema judicial atue, e não de modo ténue: todos esses “bichos” mórbidos e sórdidos – já supracitados – sejam punidos e presos, depois de julgados, e os respetivos compadrios desmantelados. Temos estado a viver (e quão difícil é, assim, sobreviver!) atos ininterruptos de atração pelo choque: o aro bárbaro a ganhar demasiado enfoque!… Tão de tempestuoso, quão de perigoso. A racionalidade está a ser tomada de assalto, e em saltos largos, pela frivolidade e pela insanidade, pela indignidade e pela imoralidade. E o ser-se racional, nestes casos feitos manchetes, é igualmente não ter a tendência para criticar logo nem politizar tudo e mais alguma coisa. Não cair na fácil e rápida tentação de «pedir a cabeça» deste ou daquele dirigente e governante…

É altura, sim, de se crer por um mundo melhor e de se querer inesgotável caridade e esperança. É altura, sim, de se estar unido e solidário para com as vítimas, as suas famílias, os que mais sofrem/estão a sofrer com esses insólitos episódios ocorridos. É altura, sim, de ajudar a evitar que se agravem e se repitam. Saibamos temperar e “pôr água ao lume”. E, portanto, não queimar ainda mais nem atiçar outros tipos de fogos aos já existentes. Há que não alimentar mentes de si incendiadas, rastilhadas de multifacetadas maldades fogueadas!