A inocência dos portugueses na esfera política internacional é um tema complexo e fascinante, permeado por uma história rica e peculiar. Desde os tempos dos descobrimentos até aos dias atuais, Portugal tem desempenhado papéis variados no cenário global na Europa e no Mundo, muitas vezes caracterizados por uma abordagem pragmática e uma certa dose de ingenuidade, o que permite sermos dos melhores a fazer “pontes” em situações complicadas a nível internacional. Poderíamos ter um papel de relevância na questão Israel/Palestina, e na Ucrânia, visto o secretário-geral da ONU ser o nosso ilustre português Eng. António Guterres, que tem um trabalho difícil em diversas frentes no globo, seja no Médio Oriente como em África.

No enquadramento histórico, Portugal foi uma potência marítima de destaque, explorando novas rotas comerciais e estabelecendo colónias ao redor do mundo. No entanto, essa expansão colonialista nem sempre refletiu uma astúcia política pronunciada. Em muitos casos, os portugueses envolveram-se em acordos e alianças sem uma compreensão completa das complexidades geopolíticas envolvidas, confiando na coragem e determinação para superar obstáculos. Durante o século XX, Portugal passou por períodos de ditadura e instabilidade política, o que contribuiu para uma visão simplificada e, em certa medida, ingênua da política internacional. Mesmo após a transição para a democracia, a falta de recursos e influência limitada continuaram a moldar a abordagem de Portugal em questões globais.

No entanto, esta inocência política também pode ser vista como uma virtude, os portugueses muitas vezes destacam-se pela sinceridade e abertura ao diálogo, evitando em grande parte os jogos de poder e as intrigas que caracterizam muitas interações políticas internacionais nos jogos de poder dos blocos mundiais. Essa postura pode não apenas inspirar confiança, mas também abrir portas para parcerias baseadas na honestidade e na cooperação mútua, e possibilitar relações bilaterais para a dinamização da nossa influência e criar acordos comerciais mais benéficos para dinamizar a nossa economia com os nossos aliados históricos.

Apesar da nossa relativa inocência, os portugueses têm sido capazes de se adaptar e prosperar em um mundo cada vez mais complexo. A nossa história de resiliência e determinação continua a influenciar a nossa abordagem da política internacional, combinando uma visão pragmática com uma sinceridade distintamente lusitana (muito embora sejamos peritos em selfies institucionais). E apesar de não sermos os protagonistas principais no palco mundial, a nossa presença é sentida e valorizada por aqueles que reconhecem o papel único que Portugal desempenha na comunidade global.

O XXIV governo constitucional, liderado pelo Dr. Luís Montenegro tem grandes desafios que podem ser oportunidades se forem geridas com astúcia e uma certa dose de coragem política, a equipa que se junta ao primeiro-ministro é de enorme valor, é necessário capitalizar este know-how para a esfera social e económica e dinamizar as relações internacionais como nunca foi feito anteriormente, porque o mundo está numa enorme convulsão de mudança de força e equilíbrio na esfera politica mundial.

Com a ascensão de um novo governo em Portugal, as dinâmicas das relações internacionais do país podem passar por ajustes e novos alinhamentos, refletindo as prioridades e políticas da nova da administração do primeiro-ministro, Dr. Luís Montenegro. Quando se trata das relações de Portugal com os Estados Unidos, membros da União Europeia e o Bloco Asiático (China e Índia), é importante considerar as nuances e desafios específicos que cada uma dessas parcerias implica na economia e na geoestratégia num mundo a convergir para a automação robótica e inteligência artificial.

No que diz respeito aos Estados Unidos, Portugal mantém uma relação histórica sólida, fundamentada em laços culturais, económicos e estratégicos. Como membros da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte), ambos os países compartilham interesses em matéria de segurança e defesa, colaborando em operações militares e esforços de combate ao terrorismo. Sob o novo governo, espera-se que Portugal continue a fortalecer esses laços, buscando uma cooperação ainda mais estreita em áreas como comércio, tecnologia e sendo que o turismo português abriu as portas a uma nova vaga de reconhecimentos dos americanos por Portugal, necessário capitalizar esta comunicação e promoção dos agentes económicos e organismos públicos e não governamentais como a diáspora portuguesa e maximizar o que de melhor se faz em Portugal e a sua porta d entrada na Europa.

No contexto da União Europeia, Portugal desempenha um papel ativo como membro pleno, contribuindo para a formulação de políticas e a promoção dos interesses comuns do bloco. Com o recente impulso para uma maior integração e cooperação europeia em áreas como segurança, migração e recuperação económica pós-pandemia, Portugal terá de alinhar as suas políticas com as prioridades da EU a nível dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, enquanto também defende seus próprios interesses nacionais (desafio enorme tendo em consideração questões como a gestão da água e a agricultura). Isso pode envolver esforços para fortalecer as relações bilaterais com outros membros da UE, bem como a defesa de uma abordagem solidária e inclusiva dentro do bloco, principalmente com o nosso vizinho (Espanha).

No que se refere ao Bloco Asiático (China e Índia), Portugal deverá expandir a sua presença e influência na região, aproveitando oportunidades de cooperação económica e diplomática. Como parte de uma estratégia mais ampla de diversificação de parcerias comerciais e investimentos, Portugal tem procurado fortalecer laços com os países asiáticos, incluindo China, Índia e outras nações do Sudeste Asiático. Sob o novo governo espero e desejo, que esses esforços continuem, o atual Ministro da Economia o Dr. Pedro Reis, é experiente em dinamização económica e relações internacionais e conhecedor do território nacional, com um foco e dinamismo renovado, esperemos que Portugal possa explorar novas oportunidades de comércio, investimento e cooperação em áreas financeiras, infraestruturas, tecnologia, isto porque atualmente vivemos num mundo em rede onde a tecnologia é facilitadora de investimentos (ex: Irlanda, Liechtenstein, Coreia do Sul entre outros bons exemplos de milagres económicos que alavancaram toda a esfera social).

Em suma, o papel de Portugal nas relações internacionais com os Estados Unidos da América, membros da União Europeia e o bloco asiático será moldado pelas prioridades e políticas do novo governo, bem como pelas dinâmicas geopolíticas e económicas em evolução, espero que possamos acompanhar o dinamismo da AI e convergir o mais rápido para o novo modelo económico que se avizinha. No entanto, independentemente das mudanças de liderança, o compromisso de Portugal com a cooperação multilateral, a promoção da paz e o respeito aos direitos humanos deverá permanecer como princípios orientadores fundamentais de sua política externa fomentado a liberdade, Igualdade e Fraternidade entre os povos e possibilitar a todo o custo integrar África como um elemento estratégico da UE.

 

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