A Iniciativa Liberal apelou esta terça-feira ao Presidente da República para que dissolva a Assembleia da República, caso o primeiro-ministro não apresente a demissão na sequência das buscas relacionadas com o processo dos negócios do lítio e hidrogénio, envolvendo o governo.

Numa reação a partir do Parlamento, já depois de o Chega e de o PCP terem reagido, Rui Rocha disse que em causa estão “factos de enorme gravidade”, ainda que se conheça a extensão da investigação em curso e que levou já à detenção do chefe de gabinete de António Costa, Vítor Escária e do consultor,  Diogo Lacerda Machado.

Para o líder da IL, “o que seria normal acontecer num país em que as instituições policias estivessem a funcionar” era o primeiro-ministro apresentar a demissão. “O que esperaria era que o primeiro-ministro pusesse a mão na consciência e que apresentasse a sua demissão”, afirmou Rocha. Mas desconfiando dos “padrões éticos” do chefe do executivo, o líder dos liberais dirigiu um ao Presidente da República: “Que ponha ordem na casa e dissolva a Assembleia da República.”

Rocha carregou na ideia de que António Costa não tem condições para continuar a ser primeiro-ministro, porque três pessoas do seu “círculo íntimo” estão implicadas na investigação: “Vítor Escária (…); Lacerda Machado, “o melhor amigo de Costa, envolvido em negócios da maior dimensão nos últimos anos e o ministro João Galamba, a quem António Costa amarrou o seu futuro político” depois dos polémicos acontecimentos no Ministério das Infraestruturas em abril. “Não podemos ter um país envolvido em podridão, corrupção e nepotismo”, frisou o liberal.

O jornal Público noticiou esta terça-feira de manhã a realização de buscas pela PSP em diversos ministérios e na residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento, no âmbito de uma investigação sobre projetos de exploração de lítio, em Montalegre. Segundo o Público, foram detidos o chefe de gabinete de António Costa, Vítor Escária, o consultor próximo de Costa, Diogo Lacerda Machado, e o presidente da Câmara Municipal de Sines, o socialista Nuno Mascarenhas, assim como dois executivos de empresas.

De acordo com o jornal, serão constituídos arguidos os ministros do Ambiente, Duarte Cordeiro, e das Infraestruturas, João Galamba, assim como o anterior ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes. Na sequência das buscas, o primeiro-ministro foi recebido em Belém, a seu pedido, pelo Presidente da República, tendo a reunião terminado.