Os europeus estão mais decididos a votar nas próximas eleições para o Parlamento Europeu, que consideram ter maior importância dada a atual situação geopolítica global, segundo os dados do Eurobarómetro da Primavera.
No último deste estudos que é divulgado antes das eleições, 81% dos europeus consideram que as eleições de junho são mais importantes do o normal devido ao que está a acontecer no mundo, especialmente na fronteira europeia, com a invasão russa da Ucrânia.
“Os europeus estão conscientes de que há muito em jogo nas urnas. Oito em cada 10 afirmam que votar é ainda mais importante tendo em conta o contexto”, sublinha a Presidente do Parlamento, Roberta Metsola, em comunicado. 60% dos inquiridos afirmaram estar interessados neste ato eleitoral.
Questionados sobre se vão votar, 71% afirma que “provavelmente” o fará, um valor superior em 10 pontos percentuais ao registado no último Eurobarómetro antes das eleições de 2019, o que, mesmo assim, foi 10 pontos percentuais superior à percentagem de eleitores que acabou mesmo por exercer este direito.
Em Portugal, o interesse é menor do que na Europa, sendo manifestado por 51% dos inquiridos, e são menos os que admitem votar, 57%, menos 14 pontos percentuais do que a média dos 27 Estados-membros.
Em Portugal, as eleições estão marcadas para 9 de junho, um domingo que calha num fim-de-semana prolongado, porque segunda-feira se comemora o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, e é feriado.
No topo das preocupações, ou dos temas que os europeus gostariam de ver tratados na campanha eleitoral, estão a luta contra a pobreza e a exclusão social, referida por um terço dos inquiridos, a saúde pública, apontada por 32%, e o apoio à economia e a criação de novos empregos, assim como a defesa e segurança da União Europeia (UE), ambos assinalados por 31%.
Mas 18% consideram que a aposta na defesa e segurança é a mais importante para que se reforça a posição da UE no mundo. E 19% a segunda e 37% a terceira. Isto acontece com maior definição nas regiões mais a Leste, mais próximo do conflito ucraniano.
O tema da migração e asilo, que tem sido muito abordado em eleições nacionais, surge apenas em sétimo lugar nas preocupações e apenas 8% o consideraram uma primeira prioridade.
No entanto, referira-se que, desde as últimas eleições europeias, o “Velho Continente” sofreu com a pandemia de covid-19, depois com os desafios económicos que se seguiram, a que acresceu a eclosão de uma guerra na fronteira europeia, quando a Rússia invadiu a Ucrânia, em 2022, e o aumento da instabilidade global, mas também a questão das migrações.
Questionados sobre a resposta da União Europeia (UE) à questão das migrações, 71% consideram que não foi satisfatória, especialmente no Sul da Europa e, também, no Norte.
A resposta à invasão russa da Ucrânia também é avaliada negativamente por 58% dos entrevistados, registando-se que a imagem da Rússia é considerada negativa por 83% dos inquiridos.
Em Portugal, o tema da migração e asilo recolhe, apenas, 8% das preferências, surgindo no fim da tabela, juntamente com os direitos do consumidor.
As prioridades são o apoio à economia e criação de novos empregos, com 55%, seguido da luta contra a pobreza e a exclusão social, com 52%, a saúde pública, com 48%.
O Eurobarómetro foi construído com base em 26.411 entrevistas presenciais, incluindo 1.032 em Portugal, com o trabalho de campo a ter lugar entre 7 de fevereiro e 3 de março.
Como a média europeia, com 47%, em Portugal os inquiridos consideram que a prioridade dos eleitos para o Parlamento Europeu deveria ser a defesa da paz (56%), seguida pela defesa da democracia, com 33% na média europeia e 29% em Portugal.
Também em Portugal se considera que a UE tem uma imagem positiva (69%), mais do que a média da união (47%), e considera-se que o seu papel tem vindo a tornar-se mais importante (63%), mais do que a média (40%).