A desinformação sobre a Ucrânia ou migrações alastrou pelos 27 antes das eleições para o Parlamento Europeu (PE), que começaram quinta-feira nos Países Baixos, segundo o Observatório Europeu dos Meios de Comunicação Digitais (EDMO).

Em Portugal circulou nos últimos dias um vídeo falso que alegava que o Kremlin estava a mobilizar armamento nuclear e a posicioná-lo em locais para atacar o Ocidente, segundo o último relatório do EDMO antes do início das eleições, consultado pela Lusa.

O vídeo era de fevereiro deste ano e foi divulgado pelo Ministério da Defesa da Federação Russa por ocasião de uma parada militar na Praça Vermelha, em Moscovo. Várias plataformas de “verificação de factos”, nomeadamente a secção da AFP dedicada ao combate contra a desinformação nas redes sociais, já tinham verificado como falso.

Um pouco por todos os países há “narrativas exageradas” sobre a guerra na Ucrânia “e o envolvimento direto dos países da UE” – que não aconteceu até hoje.

Em Itália, por exemplo, circulou desinformação sobre uma suposta declaração de guerra da China contra a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), na eventualidade de um conflito com a Rússia.

No dia 4 de junho, o relatório do EDMO deu conta de que havia intervenientes políticos da Eslováquia a espalhar desinformação sobre o Novo Pacto de Migrações e Asilo, que foi aprovado no início de abril deste ano.

Os políticos em questão, que não são nomeados pelo EDMO no relatório, alegavam que a Eslováquia seria obrigada a receber mais imigrantes, à luz do pacto que foi aprovado – o que é falso, apesar de o pacote legislativo não ser consensual entre os eurodeputados.

Manipulação e redes sociais

O problema da desinformação no interior da UE também atingiu a Suécia. A TV4, um órgão de comunicação social, revelou que o partido Democratas Suecos, o maior de extrema-direita no país, tinha contas secretas nas redes sociais com o intuito de manipular a opinião pública, utilizando contas ‘troll’, com enfoque na propaganda a favor do Kremlin e a descredibilizar os esforços para a apoiar a Ucrânia.

O escândalo abalou o Governo de coligação suportado pelos Democratas Suecos. Aconteceu algo semelhante na Bélgica, de acordo com o relatório de 05 de junho. De acordo com uma investigação feita pelo VRT NWS, um órgão de comunicação social belga que trabalha com o EDMO, elementos do Vlaams Belang, um partido de extrema-direita da Flandres (região da Bélgica), estão a utilizar “contas sombra” no TikTok para partilhar posições políticas sem identificar o partido, simulando discussões apartidárias.