A líder parlamentar do PCP acusou o Governo de “falta de vontade política” para resolver problemas no país, em áreas como a saúde, salários ou habitação, e fez uma apreciação “extremamente negativa” dos primeiros meses do executivo.
“Há um conjunto de problemas, estão aí todos os dias, que afetam a vida dos trabalhadores e do nosso povo e que não vemos, por parte do governo do PSD e do CDS, qualquer intenção, vontade política de lhes dar resposta”, acusou Paula Santos, em declarações à Lusa no âmbito do debate sobre o estado da nação, que está agendado para quarta-feira no parlamento.
Na ótica da bancada comunista, em causa estão “os baixos salários e as baixas pensões” e a necessidade de “valorizar o poder de compra, quer dos trabalhadores, quer dos reformados”.
“Estou a falar dos preços elevados em bens e serviços essenciais e que, quer um, quer outro, da parte do Governo não há qualquer vontade política para, de facto, intervir também sobre essa matéria. Aliás, o próprio recusa essa intervenção”, defendeu.
No que toca aos serviços públicos, a líder parlamentar do PCP alertou para “um conjunto de carências e necessidades” em áreas como a saúde, habitação ou educação.
“Portanto, da parte do Governo, a apreciação que fazemos daquelas que são as suas opções políticas é extremamente negativa, porque estas respostas que são urgentes, que são necessárias, que são possíveis, que há condições para o fazer, o Governo não as toma, aliás, as suas opções vão no sentido até de as agravar”, criticou.
Para o grupo parlamentar comunista, o Governo minoritário PSD/CDS-PP está a “contribuir todos os dias para favorecer as grandes empresas e grupos económicos” e é “um mãos largas para reduzir o IRC das grandes empresas” ou “alargar benefícios fiscais”, medidas que na opinião de Paula Santos apenas vão aumentar “injustiças e desigualdades”.
O combate às desigualdades será uma das prioridades do PCP em setembro, após a pausa para férias dos trabalhos parlamentares, bem como a valorização dos salários, pensões, o reforço dos serviços públicos e do investimento na saúde, habitação e educação.
“Mas também a necessidade da promoção da produção nacional, do reforço do investimento público, o apoio às micro, pequenas e médias empresas, porque isso é o que nos vai permitir também o desenvolvimento e o crescimento. Temos muitas potencialidades, é preciso, de facto, é que haja opções políticas que permitam esse desenvolvimento”, sustentou.
Está agendado para esta quarta-feira o debate sobre o estado da nação, o primeiro desde que o executivo minoritário PSD/CDS-PP tomou posse, que contará com a presença do primeiro-ministro, Luís Montenegro, e do restante elenco governativo.