A última época de chuvas em Moçambique, iniciada em outubro, afetou cerca de 240 mil pessoas, destruindo totalmente mais de 1.800 casas, segundo dados apresentados este sábado, 22 de junho, pelo Governo moçambicano.

“Em todo o território nacional foram afetadas cerca de 240 mil pessoas, afetou mais 34 mil casas, mais de 5.000 parcialmente destruídas e cerca de 1.800 totalmente destruídas”, avançou o secretário permanente do Ministério dos Transportes e Comunicações, Ambrósio Sitoe, num encontro de parceiros ligados ao setor.

Acrescentou que “ao longo da época chuvosa 2023/2024 formaram-se na bacia do sudoeste do oceano Índico dez sistemas tropicais”, sendo que “dois atingiram a costa moçambicana, nomeadamente a tempestade tropical moderada Álvaro e a tempestade tropical moderada Filipo”, esta última com fortes efeitos em Inhambane e Maputo, sul do país.

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.

Este ano, o país continuou a registar fortes chuvas durante o mês de maio e parte de junho.

A última época de chuvas afetou particularmente Maputo, capital do país, com o presidente do conselho municipal, Razaque Manhique, a avançar neste encontro que foram afetadas pelas enxurradas 14.420 famílias, num total de 65.513 pessoas, provocando oito mortos e deixando 2.323 famílias desalojadas.

“Não podemos nem queremos passar a vida a visitar águas pluviais estagnadas nos diversos distritos municipais da nossa cidade. Temos de buscar em conjunto soluções concretas, cientificamente válidas e definitivas para mitigar o impacto das mudanças climáticas no nosso país e na cidade de Maputo, capital, em particular”, apelou o autarca, no mesmo encontro.

O período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória em Moçambique: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth, dois dos maiores de sempre a atingir o país.

Já no primeiro trimestre do ano passado, as chuvas intensas e a passagem do ciclone Freddy provocaram 306 mortos, afetaram no país mais de 1,3 milhões de pessoas, destruíram 236 mil casas e 3.200 salas de aula, segundo dados oficiais do Governo.

No final de setembro passado, o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, apelou para a preparação da população e das entidades para os previsíveis efeitos do fenómeno ‘El Niño’ no país nos meses seguintes, com previsões de chuvas acima do normal e focos de seca.