O ex-presidente dos Estados Unidos da América (EUA) e provável candidato do Partido Republicano às próximas presidenciais, Donald Trump, foi esta quinta-feira, 30 de maio, considerado culpado de fraude num julgamento criminal em que era acusado de ter falsificado documentos para encobrir um escândalo sexual.
O júri, constituído por sete homens e cinco mulheres, considerou Donald Trump, de 77 anos, culpado nas 34 acusações feitas pelo Ministério Público de falsificação de documentos contabilísticos.
O Ministério Público de Nova Iorque alegou que o 45º presidente dos EUA (2017-2021) era culpado de falsificar os documentos contabilísticos do seu grupo de empresas, a Organização Trump, para ocultar um pagamento à atriz de filmes pornográficos Stormy Daniels para evitar um escândalo sexual, no final da sua campanha presidencial de 2016, imediatamente antes das eleições em que viria a derrotar a candidata democrata Hilary Clinton.
Michael Cohen, ex-advogado pessoal do ex-presidente, garantiu em tribunal que Donald Trump o instruiu a pagar 130 mil dólares (cerca de 110 mil euros) à atriz em troca do seu silêncio sobre este caso extramatrimonial, no final da campanha presidencial de 2016, versão também negada pela defesa.
Os procuradores insistiram que através deste pagamento – que compararam a uma despesa oculta de campanha – Donald Trump corrompeu a eleição de 2016, ao comprar o silêncio da atriz sobre essa relação sexual, que ela afirma ter ocorrido em 2006, quando este já era casado com Melania.
Contudo, o júri não decidiu sobre a existência deste caso sexual, mas sobre se Trump era culpado de 34 falsificações de documentos contabilísticos para ocultar o reembolso do pagamento a Michael Cohen, ao longo de 2017.
Esse crime é uma violação da lei eleitoral do estado de Nova Iorque, que proíbe a promoção de uma candidatura por meios ilegais.
Donald Trump já reagiu à condenação, queixando-se de uma cabala política e dizendo que vai recorrer da decisão.
O juiz presidente do Tribunal de Manhattan, Juan Merchan, enfrenta agora a tarefa sem precedentes de determinar a sentença de um ex-presidente. Os crimes por que foi condenado são considerados de baixa gravidade, podendo ser punidos com pena suspensa. O ex-presidente também é um réu primário, sem antecedentes criminais.
Trump tinha sido o primeiro ex-presidente norte-americano a ser indiciado criminalmente, o primeiro antigo inquilino da Casa Branca a ser julgado e, agora, também o primeiro condenado em tribunal.
Este é apenas um de quatro processos judicias – dois federais e dois estaduais – que o ex-presidente enfrenta, numa maratona judicial em que é acusado de 91 crimes.
A este julgamento em que era acusado de fraude, juntar-se-á o relativo à retenção de documentos classificados na sua residência de Mar-a-Lago, no estado da Florida, que tem um cariz federal, depois o da tentativa de reverter a derrota eleitoral na Geórgia, um caso estadual, e, finalmente, o do processo relativo ao seu envolvimento na invasão do Capitólio, a sede do poder legislativo, em Washington, a 6 de janeiro de 2021.
Donald Trump será o provável candidato do Partido Republicano às eleições presidenciais de 5 de novembro, nas quais deverá enfrentar o atual presidente, Joe Biden, reeditando o embate de 2020, agora em posições inversas.
