O Partido Democrata pretende ratificar virtualmente, antes do final de julho, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, como seu candidato às eleições de novembro, disseram fontes próximas da formação política a vários media norte-americanos.
Na prática, esta decisão poria fim ao debate interno das últimas semanas, em que dezenas de eleitos democratas pediram a Biden que encerrasse a sua campanha de reeleição, após o seu fraco desempenho no debate de 27 de junho contra o ex-presidente Donald Trump.
À exceção de 2020, devido à pandemia de covid-19, nunca antes um candidato dos principais partidos – o Democrata e o Republicano – foi nomeado eletronicamente.
Normalmente, os candidatos presidenciais recebem a nomeação oficial durante as convenções partidárias. O próprio ex-presidente Donald Trump foi oficialmente designado na segunda-feira como candidato do Partido Republicano no primeiro dia da convenção daquela força política em Milwaukee, no estado do Wisconsin.
O Comité Nacional Democrata já tinha tomado a decisão em maio de nomear oficialmente Biden como candidato de forma virtual antes da convenção democrata, que decorrerá de 19 a 22 de agosto em Chicago, no estado do Illinois.
Até agora, porém, nenhuma data aproximada havia sido definida. Algumas vozes foram contra o avanço desse procedimento e defenderam a abertura do debate sobre a possibilidade de retirada de Biden para permitir que um candidato mais jovem enfrentasse Trump nas eleições de novembro.
Na ocasião, em maio, o Comité Nacional Democrata tinha justificado a sua decisão referindo-se a alguns problemas que Ohio apresentava para os prazos eleitorais, uma vez que aquele estado tinha determinado que os partidos deviam registar os seus candidatos presidenciais antes de 7 de agosto para garantir a sua presença nas cédulas eleitorais no dia das eleições.
Como a convenção democrata está marcada para 19 a 22 de agosto, o Comité Nacional Democrata disse que a nomeação tinha de ser feita virtualmente com antecedência, caso contrário Biden corria o risco de ser excluído das eleições no Ohio.
A situação, porém, mudou nas últimas semanas, desde que os legisladores do Ohio aprovaram uma lei que fixa o prazo para inscrição de candidatos no final de agosto, para que Biden, em teoria, pudesse ser nomeado na convenção do Partido, como tem sido habitual.
Os democratas, no entanto, desconfiam dos republicanos e acreditam que poderão mudar repentinamente as regras, por isso decidiram manter o seu plano original e nomear o Presidente antes da convenção.
Os responsáveis pela nomeação de Biden serão os delegados do partido, que foram escolhidos durante o processo primário.
A maioria desses delegados, quase 4.000, prometeram no processo primário que apoiariam Biden como candidato, mas alguns expressaram a sua preocupação aos meios de comunicação locais com a possibilidade de isso acontecer virtualmente, sem permitir um debate aberto na convenção.
A nomeação é feita através de um processo denominado “chamada nominal”, em que os delegados de cada estado, geralmente em convenções, dizem que candidato apoiam.
Conforme noticiado hoje pelo The New York Times, os mais de 4.000 delegados deverão começar a emitir os seus votos partir de segunda-feira, 22 de julho, um processo que provavelmente durará cerca de uma semana.
Quando todos tiverem emitido o seu voto, espera-se que um grupo do Comité Nacional Democrata realize rapidamente a votação nominal, para que nesse momento – cuja data exata ainda não é conhecida – Biden seja oficialmente o candidato democrata às eleições de novembro.
O último passo será Biden fazer um discurso durante a convenção em Chicago para aceitar oficialmente sua nomeação.
Contudo, segundo o jornal Politico, dezenas de democratas da Câmara dos Representantes pretendem manifestar-se contra a iniciativa de garantir a nomeação de Biden antes do planeado, o que, segundo eles, sufoca o intenso debate em andamento sobre sua candidatura, de acordo com um legislador envolvido na iniciativa.
Um rascunho da posição, distribuído pelo congressista Jared Huffman e obtida pelo Politico, oferece o primeiro sinal público dos democratas de que dezenas de democratas continuam profundamente inseguros sobre o futuro da candidatura de Biden, após a tentativa de assassínio de Donald Trump.