Os períodos que antecedem os atos eleitorais são particularmente importantes para clarificar o pensamento das diversas forças partidárias sobre os mais diversos temas relevantes e que a todos nos interessam. Verdade seja dita que os debates entre os líderes já permitiram perceber o seu posicionamento sobre diversos tópicos. Naturalmente, não é possível abordar tudo, nem tudo tem particular interesse público e mediático, mas ainda assim há omissões no debate que seria importante evitar, dada a sua relevância.

É o caso do posicionamento sobre as parcerias público-privadas (PPP) de que realmente precisamos, nomeadamente na área da saúde. Sendo o acesso universal a cuidados de saúde um bem público, ponto de partida que ninguém contesta e que está consagrado na Constituição da República, compete ao Estado português assegurar, na medida do possível, essa mesma capacidade dos cidadãos de aceder aos mesmos. O acesso significa, ou deveria significar, ser agnóstico em relação a quem presta os cuidados de saúde.

Este pequeno introito vem a propósito de uma entrevista recente de um CEO de um grupo privado hospitalar, com forte implantação em Portugal. A determinada altura, referiu o entrevistado que a PPP no Hospital de Cascais funcionou de forma excelente, com poupanças significativas para os contribuintes e com um acesso universal para toda a população.

Ao exemplo de Cascais poderíamos adicionar outros casos, mormente os de Braga e Loures. O fim das PPP nestes hospitais trouxe consigo uma deterioração significativa das condições de acesso dos cidadãos a cuidados hospitalares diferenciados e em tempo útil.

Por isso, mais do que lançar a construção de um novo hospital em Lisboa (Todos os Santos), projeto de que se fala há cerca de duas décadas, período em que os setores social e privado construíram ou renovaram dezenas de hospitais em regime de PPP ,sem polémicas relevantes, o que deveria estar em causa é muito simples.

Importa que haja um renovado consenso partidário para que se instituam novas parcerias público-privadas com os subsistemas, o setor social e o setor privado para que todos os cidadãos tenham médico de família. Precisamos de novas parcerias público-privadas para que em todas as capitais distritais os hospitais sirvam uma população crescentemente envelhecida.

Em suma, o que todos precisamos é de menos retórica estéril, menos ideologia cega perante as consequências, e mais pragmatismo útil e consequente a favor do bem comum.