António Costa reagiu esta quinta-feira à decisão do Presidente da República de dissolver a Assembleia da República, dizendo que “obviamente, o PS está sempre pronto para ir a eleições”, mas lamentou que Marcelo não tivesse optado pela solução alternativa, que passava pela indigitação de um novo primeiro-ministro do PS, no caso, Mário Centeno.

Assinalando respeitar a decisão do chefe de Estado, o ainda secretário-geral do PS vincou que se tratou de “uma escolha do próprio” e revelou que apresentou, “como lhe competia”, uma solução alternativa que permitisse “poupar ao país meses de paralisação até à realização de eleições”.

O ainda secretário-geral do PS e primeiro-ministro sugeriu o governador do Banco de Portugal e ex-ministro das Finanças por ser uma personalidade de “forte experiência governativa” e por ter “forte prestígio internacional, que é algo muito importante nesta fase, tendo em conta, naturalmente, o impacto negativo que estas notícias tiveram no exterior”.

Contundo, lamentou, “o PR entendeu que, melhor do que ter uma solução estável, com um governo forte e de qualidade renovada sob liderança do professor Mário Centeno, era ter eleições”.

Defendendo a opção apresentada pelo PS em Belém, Costa disse que “o país não merecia ser, de novo, chamado a eleições”. “Acho que o país merecia, num contexto em que temos tanta incerteza internacional (…), aquilo que precisávamos era, não só ter o Orçamento aprovado – e vai ser – e aproveitar a estabilidade que existe e esta ocasião de, mudando o primeiro-ministro, renovar o governo, dando-lhe nova energia e nova alma. Estou certo que o dr. Mário Centeno tinha todas as qualidades para o poder fazer.”

O primeiro-ministro aproveitou para esclarecer que vai ficar em funções nos próximos meses, porque “está ao serviço do país”. “Aquilo que dispõe a Constituição é que dissolvida a Assembleia da República, o governo se mantém em gestão”. Por isso, acrescentou, “neste momento o governo está plenamente em funções”. Uma vez aprovado o Orçamento do Estado para 2024, o PR “formalizará a minha demissão” e o governo passa a estar em gestão.

Ainda em declarações aos jornalistas, António Costa agradeceu a Marcelo “as palavras amáveis” que lhe dirigiu na declaração que fez ao país. Sobre a leitura que o PR fez da vitória do PS nas eleições de 2022, o primeiro-ministro rejeitou que a conquista da maioria absoluta tivesse sido pessoa, como interpretou o chefe de Estado.

“Foi uma vitória do PS e os mandatos são do PS. Se o candidato do PS contribuiu para o resultado eleitoral, seguramente que sim, como cada líder contribui, mas o único titular de órgão de soberania que é objeto de uma votação pessoal direta dos portugueses é o próprio Presidente da República”, atirou.

Questionado também sobre a apreensão de quase 76 mil euros em numerário no gabinete de Vítor Escária, António Costa assegurou que “não sabia” e que quando soube “fez o que se impunha”: demitir o seu chefe de gabinete.