A CDU desafiou hoje o PS a acompanhar a proposta de aumentos salariais imediatos e significativos para os trabalhadores, reforçando o apelo ao voto para as eleições legislativas de domingo.

“Aquilo que vem do PSD e do CDS é lá para diante, se alguma vez viesse; que aquilo que vem do Chega e da Iniciativa Liberal, idem idem, aspas aspas; e aquilo que vem do PS é o choque dos 12 volts. Não precisamos do choque de 12 volts, precisamos de um choque salarial de alta voltagem. E daqui fica o desafio: o PS está ou não está disponível para acompanhar a CDU nesta justa reivindicação de choque salarial de alta voltagem e agora”, atirou o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo.

No discurso após o tradicional desfile da CDU na Baixa da Banheira, em que contou com a companhia dos candidatos distritais Paula Santos (PCP), Bruno Dias (PCP) e Heloísa Apolónia (Os Verdes), o líder comunista salientou que é agora que o aumento dos salários “faz falta”, colocando essa questão no centro das decisões para o voto.

“É agora para dar resposta aos problemas das pessoas, ao aumento do custo de vida e para distribuir melhor a riqueza que é criada por quem trabalha. Quem produz a riqueza merece que uma parte maior dessa riqueza lhes vá parar ao bolso e não aos lucros e dividendos dos acionistas das grandes empresas. Precisamos deste choque salarial: 150 euros no mínimo para cada trabalhador, 15% de aumentos e mil euros de salário mínimo já este ano”, vincou.

Destacando a “grande mobilização” nas ruas da Baixa da Banheira, que terá juntado algumas centenas de pessoas, Paulo Raimundo reiterou que o caminho a partir do 10 de março não depende do resultado de PS ou da AD, mas sim dos deputados da CDU, que representarão “o grande voto de protesto, de oposição, mas também das soluções”.

“Os deputados serão os primeiros a propor e nunca falharão à convergência de tudo aquilo que é positivo. Tal como demonstra a nossa história, tal como demonstra o período de 2015 a 2019, o que determinou aquilo que foi alcançado não foi a vontade do PS nem o que estava eventualmente escrito neste ou naquele papel; o que determinou foi a força e o número de deputados do PCP e do PEV na Assembleia da República”, realçou.

Paulo Raimundo mostrou-se muito expansivo nos cumprimentos à população da Baixa da Banheira e assinalou a confiança num bom resultado no domingo.

“Esta confiança que transbordamos, esta alegria, esta determinação contra ventos e marés não é por acaso. É porque sentimos o carinho das ruas. Ouvimos todos os dias que fazemos falta. O que é preciso é que esse sentimento de que fazemos falta se traduza agora naquilo que é fundamental para ter consequência: o voto”, disse, concluindo: “Tivéssemos nós mais duas semanas de campanha e isto piava de outra maneira. Estamos a crescer todos os dias”.

Por outro lado, Heloísa Apolónia, d’Os Verdes e terceira candidata pela CDU no distrito de Setúbal, assegurou a dramatização do voto, enunciando as falhas à direita e ao PS.

“Todos lembramos como arrancaram salário das mãos das pessoas, como mandaram pessoas emigrar e o orgulho do tempo da troika. Não esquecemos esta traição ao povo português”, disse, em alusão ao governo PSD-CDS de 2011 a 2015, para atacar de seguida os socialistas: “Não esquecemos esta maioria do PS. Para nós, nada admirou, porque sabemos da legislatura de 2015 a 2019 o esforço que tivemos de fazer para arrancar a reposição dos salários e das pensões”.