A interrupção da ajuda militar dos Estados Unidos à Ucrânia permitirá a Vladimir Putin vencer a guerra, alertou hoje um responsável da Casa Branca, instando mais uma vez o Congresso norte-americano a aprovar financiamento adicional.

“O Congresso deve decidir se continua a apoiar a luta pela liberdade na Ucrânia… ou se irá ignorar as lições que aprendemos da história e permitir que Putin prevaleça”, frisou Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional de Joe Biden, durante uma conferência de imprensa. “É tão simples assim”, apontou, citado pela France-Presse.

De acordo com Jake Sullivan, “votar contra o financiamento adicional para a Ucrânia prejudicará a Ucrânia e ajudará a Rússia”.

“Prejudicará a democracia e ajudará os ditadores”, atirou.

Numa carta enviada hoje a Mike Johnson, líder da Câmara dos Representantes, de maioria republicana, a diretora do orçamento da Casa Branca, Shalanda Young, referiu que, “se o Congresso não agir”, até ao final do ano haverá “falta de recursos para entregar mais armas e equipamentos à Ucrânia e fornecer material dos arsenais militares dos Estados Unidos”.

Joe Biden pediu ao Congresso, a 20 de outubro, que aprovasse um envelope excecional de mais de 100 mil milhões de dólares para responder às emergências do momento, nomeadamente ajudar Israel e a Ucrânia, enfrentar a China e responder às chegadas de migrantes na fronteira sul.

Deste montante, mais de 60 mil milhões de dólares devem ir para a Ucrânia, da qual os Estados Unidos são de longe o principal apoiante desde a invasão da Rússia, no final de fevereiro de 2022.

“Isto não é um problema para o próximo ano. É agora que devemos ajudar a Ucrânia democrática a lutar contra a agressão russa”, frisou a diretora do orçamento.

A Casa Branca está empenhada em garantir o financiamento da ajuda à Ucrânia pelo menos até às eleições presidenciais de novembro de 2024, o que poderá colocar novamente Joe Biden contra Donald Trump.

“Putin não se comprometerá com a paz antes de ver o resultado da nossa eleição”, confidenciou recentemente um alto responsável diplomático norte-americano.

A carta de Shalanda Young foi publicada numa altura em que a Ucrânia reconheceu o fracasso da sua contraofensiva lançada no verão e quando a Rússia lança repetidos ataques, especialmente contra a cidade de Avdiïvka, no leste do país.

Os Estados Unidos, por sua vez, estão há meses num enorme limbo orçamental, devido a intermináveis turbulências no Congresso. O Congresso da principal potência mundial – composto pelo Senado com maioria democrata e pela Câmara dos Representantes com maioria republicana – ainda não votou um orçamento para o ano fiscal que começou a 1 de outubro.

O governo federal está a funcionar atualmente graças a uma prorrogação de emergência que irá expirar em meados de janeiro.