A Associação Animais de Rua alertou hoje para a necessidade de apoio às associações do setor e lamentou que haja “milhões de euros de fundos desperdiçados” que eram destinados a apoiar animais.

“Há leis à espera de execução, milhões de euros de fundos desperdiçados e falham verbas para as associações. Quem paga a fatura são cães e gatos abandonados à sua sorte”, diz a associação em comunicado.

De acordo com o comunicado, há “milhões de euros” destinados a obras em canis municipais, e associações zoófilas com abrigos, que não foram utilizados na transição dos animais, nesta legislatura, para a tutela da Agricultura e Pescas, quando no passado estavam afetos ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Sofia Róis, diretora da Animais de Rua, citada no documento, considera fundamental que as políticas públicas se concentrem em processos de esterilização de animais, campanhas de sensibilização contra o abandono e à promoção do bem-estar animal.

A sugestão acontece numa altura do ano em que, por norma, há um aumento do número de animais que são abandonados por donos que partem de férias.

“É imperativo reforçar a necessidade da abertura dos apoios para a proteção animal previstos no orçamento do Estado, permitindo que associações, como a Animais de Rua, possam continuar o seu trabalho”, pois sem ele o número de animais errantes “seria certamente muito superior”, alerta a responsável.

O primeiro Censo Nacional de Animais Errantes, feito no ano passado pela Universidade de Aveiro e com a colaboração do ICNF, revelou a existência em Portugal continental de mais de 930 mil animais errantes, dos quais 830.541 gatos e 101.015 cães.

Destes animais 55.949 beneficiaram da ajuda da Animais de Rua, uma associação criada há 15 anos que se dedica à alimentação, esterilização e apoio nos tratamentos médico-veterinários dos animais de rua.

“Como tantas outras associações”, a Animais de Rua promove “o bem-estar animal, e apesar do estatuto de utilidade pública, luta com a falta de verbas para poder fazer mais e melhor”.

“Num país com pouco mais de 10 milhões de habitantes, o alarmante número de quase um milhão de animais errantes e mais de 40 mil animais recolhidos anualmente pelos Centros de Recolha Oficial sublinha a urgência das ações no âmbito da proteção animal e a missão essencial da Associação Animais de Rua: a esterilização!”, diz também Sofia Róis.

Destacando o “brutal número” de animais errantes, a responsável da Animais de Rua fala da importância de as associações serem apoiadas pela população, com donativos ou adotando animais.

E acrescenta que os cães “continuam à espera que o Parlamento, à semelhança do que já fez com os gatos, aprove o programa CED (Capturar-Esterilizar- Devolver)”.