A imprensa internacional seguiu com atenção as eleições legislativas deste domingo em Portugal. Os meios noticiosos internacionais de diversos países focam-se na vitória da Aliança Democrática (AD) e no crescimento da extrema-direita. Também realçam o sinuoso caminho de Luís Montenegro para formar governo, num Parlamento que fica muito dividido.

A BBC escreve que a Aliança Democrática conseguiu uma vitória apertada, por uma margem “pouco convincente”. Antecipa que Luís Montenegro tem poucas possibilidades de formar um governo maioritário e vai enfrentar “meses de governo minoritário, com a difícil tarefa de assegurar apoio para o orçamento do próximo ano, em outubro”. A BBC informa que André Ventura é o líder partidário com mais motivos para sorrir na ressaca da noite eleitoral, destacando o crescimento do Chega nos últimos anos.

A Reuters frisa que este resultado sublinha a viragem para a extrema-direita na Europa, lembrando que Portugal parecia imune à subida da extrema-direita no continente. A Reuters refere que Luís Montenegro poderá não conseguir governar sem o apoio do Chega e enfatiza a afirmação do líder do PSD, que voltou a insistir no discurso de vitória que não pretende depender do partido de André Ventura para formar um governo.

O britânico The Guardian também dá ênfase à rejeição de Luís Montenegro ao Chega, mas também chama a atenção para a dificuldade que vai ter em governar.

O Politico salienta a proximidade entre AD e PS nestas eleições, destacando também a subida do Chega. Assinala a incerteza sobre como Luís Montenegro “será capaz de governar num Parlamento dividido entre a direita, a esquerda e a extrema-direita”.

O El País fala em vitória por margem mínima do centro-direita e sublinha que a extrema-direita reclama entrar no governo. O jornal espanhol realça as declarações de Pedro Nuno Santos sobre o trabalho na oposição e sobre a intenção de recuperar os eleitores descontentes com os socialistas. Também se foca no Chega e na promessa de André Ventura de “libertar o país da extrema-esquerda”.

Ainda no país vizinho, o El Mundo aborda a viragem política em Portugal da maioria absoluta do PS para o triunfo eleitoral apertado da AD. Este meio também indica que o grande vencedor da noite é o Chega, referindo que quadriplicou os seus lugares na Assembleia da República “graças ao apoio de um em cada cinco portugueses”.

Em França, o Le Monde destaca a vitória do centro-direita em Portugal e a recusa da AD em governar com o Chega. Informa que este resultado “não permite que o vencedor consiga uma maioria absoluta” e que este crescimento do Chega acontece a cerca de um mês e meio de Portugal celebrar os 50 anos do 25 de Abril.

No outro lado do Atlântico, o Folha de São Paulo noticia a vitória da direita sobre o PS numa “disputa acirrada” e frisa que a extrema-direita mostrou a sua força. O jornal brasileiro adianta que a formação do governo é incerta e que o Chega vai desempenhar um papel chave.