André Ventura voltou a defender que terminou o bipartidarismo em Portugal e que, com o crescimento do Chega, se inaugurou uma nova era no nosso país.
Para o líder do Chega, havia duas hipóteses para os portugueses, no dia da eleição: “dar uma maioria ou dar uma distribuição de votos pelos dois e os portugueses optaram pela segunda via”, explicou, em entrevista à CNN Portugal, este domingo. “Se o Bloco Central avançar, ficará claro que são dois partidos contra o Chega”, acrescentou.
“Os portugueses deram mais de um milhão de votos ao Chega e estão a dizer: ‘Governem os dois e entendam-se'”, voltou a sublinhar, revelando ainda que o partido apresentar uma moção de rejeição a um governo da AD não está fora de questão.
“Nunca disse que não ia apresentar uma moção de rejeição”, sublinhou. Questionado se admitia não apresentar uma moção de rejeição ou votar contra o Orçamento, respondeu afirmativamente. “Se não houver nenhuma negociação, isso é humilhar o Chega e votarei contra”, afirmou.
Para André Ventura, isso seria “espezinhar um milhão de portugueses”.
“Há mais de um milhão de pessoas que votam neste partido. Qual é o problema de se chegar a uma convergência e dizer que vamos dar quatro anos de estabilidade? Eu estou disponível para sacrificar tudo para que os portugueses tenham estabilidade, mas compreenderão que, se do outro lado disserem ‘Não queremos olhar para vocês, nem para as vossas propostas, nem sequer falar convosco’, isso não é pisar-nos, é espezinhar um milhão de portugueses. São eles os responsáveis pela ingoverbabilidade, não nós”.
Ventura admite ficar fora do governo
Sobre um eventual acordo de governação, André Ventura exige que haja uma “convergência de decisões quanto à composição do governo, ao que será o governo, às medidas principais e aos objetivos que queremos alcançar”.
Sobre as propostas da AD, André Ventura mostrou-se favorável à criação de uma taxa de IRS de 15% para jovens, à descida do IRC, à isenção de IMT e imposto de selo na compra da primeira habitação e à reposição do tempo de serviço dos professores.
“É bom para os portugueses”, justificou, acrescentando que muitas delas “foram propostas por nós e viabilizadas quando vinham do PCP, do Bloco de Esquerda, Livre e PS”.
Colocando a hipótese de o Chega ficar fora do governo, mas ainda sem nomes em vista, André Ventura sublinha que “faz sentido serem os dois partidos a admitirem que está no governo”, abrindo a porta a independentes para formar um executivo que olhe para o futuro e não para o passado.
“O nosso ponto nunca foi lugares, é um acordo sobre quem é o ministro das Finanças, da Educação…”, explica, lembrando que Iniciativa Liberal e CDS têm menos deputados do que o Chega, voltando a sublinhar que o Chega está disponível “para convergir, mas não para ser espezinhados.”
André Ventura revelou não ter ainda falado com Luís Montenegro, tendo apenas enviado uma mensagem de felicitação pela vitória da AD.