A Amnistia Internacional denunciou hoje que Israel mantém presos palestinianos em Gaza “incomunicáveis” e que os submete a “torturas generalizadas” nas suas prisões, acusando ainda Telavive de abusar da lei para atingir civis.

Questionado na segunda-feira pela France-Presse sobre acusações semelhantes feitas pelo ministro palestiniano responsável pelos prisioneiros, o exército israelita “rejeitou categoricamente as alegações de maus-tratos sistemáticos dos detidos” presos desde o início da guerra contra o Hamas, iniciada a 7 de outubro de 2023.

“As autoridades israelitas devem pôr fim à prática da detenção incomunicável por tempo indeterminado, sem acusação nem julgamento, de palestinianos da Faixa de Gaza, imposta ao abrigo da lei [israelita] sobre a prisão de combatentes ilegais”, que representa uma “violação flagrante do direito internacional”, escreveu a Amnistia em comunicado de imprensa.

A lei, denunciou a organização não governamental de defesa e promoção dos Direitos Humanos, permite ao exército israelita encarcerar por períodos indefinidamente renováveis qualquer pessoa de Gaza que suspeite ter participado nas hostilidades ou representar uma ameaça, sem ter de o provar.

“Permite a tortura generalizada e, em alguns casos, institucionaliza os desaparecimentos forçados”, afirmou a secretária-geral da Amnistia Internacional, Agnès Callamard, no comunicado de imprensa, em que acrescenta que a lei é também utilizada para “prender arbitrariamente civis palestinianos em Gaza”.

A Amnistia Internacional afirma ter recolhido informações de 27 palestinianos que foram detidos desta forma. Segundo a ONG, todos os que falaram com a Amnistia disseram ter sido sujeitos a tortura e a outros “tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes”. Entre os detidos figuram médicos detidos em hospitais, “mães separadas dos seus bebés” e jornalistas.

O ministro palestiniano encarregado de lidar com a questão dos presos, Qadoura Fares, acusou Israel de estar a travar uma “guerra de vingança” contra os prisioneiros palestinianos.

No mesmo comunicado, o advogado do Departamento de Assuntos dos Prisioneiros palestinianos, Khaled Mahajneh, denunciou atos de tortura, incluindo “violações”, de acordo com os testemunhos de presos de Gaza que visitou.