OCDS garantiu que vai continuar a existir, depois de ter acordado com o PSD a recriação da Aliança Democrática, o que lhe permitirá regressar à Assembleia da República e constituir um grupo parlamentar e, também, manter a representação europeia, ultrapassando o risco de ser varrido em definitivo para o baú das memórias históricas.

Mesmo que possa ser vista como uma OPA, a nova AD permite ao CDS escapar a uma campanha eleitoral dura, difícil para quem não tem deputados e vê, por isso, limitada a capacidade de intervenção no espaço público.

Para o PSD, faz sentido ganhar um reforço para o novo ciclo eleitoral, com legislativas, europeias e autárquicas a realizarem-se de seguida, em ano e meio. Com os círculos eleitorais portugueses, as particularidades do método de Hondt e a fragmentação à direita do espetro político, todos os votos vão contar para a construção de uma solução que possa ambicionar ser governo, mas também, no caso dos sociais-democratas, para consolidar uma liderança que caminha, sempre, sobre brasas. Sabemos que os líderes fortes são aqueles que ganham eleições.

Nuno Melo fez um bom acordo com o PSD, porque salvou o CDS. Resta saber, agora, se o CDS vai ser capaz de salvar Luís Montenegro.

Diretor-adjunto