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Artistas Unidos admitem fim da companhia em 2025 se continuarem sem espaço de trabalho

A companhia está a fazer nesta terça-feira, 16 de julho, o despejo do Teatro da Politécnica, em Lisboa, onde se encontrava desde 2011, e que tem de abandonar até ao final do mês.
16 Julho 2024, 18h46

Os Artistas Unidos admitem dissolver a companhia em 2025 se até ao final do ano continuarem sem um espaço de trabalho, disse à agência Lusa o ator João Meireles, da direção do grupo de teatro independente.

A companhia está a fazer nesta terça-feira, 16 de julho, o despejo do Teatro da Politécnica, em Lisboa, onde se encontrava desde 2011, e que tem de abandonar até ao final do mês. Tem já desmontado o escritório, as oficinas e os camarins, estando agora a tratar do palco e das bancadas, que partirão para um armazém, onde fica centrado o seu trabalho administrativo.

Em março de 2022, os Artistas Unidos foram informados pela Universidade de Lisboa de que não seria renovado o contrato de arrendamento deste espaço, que faz parte da área das antigas instalações da Faculdade de Ciências.

A companhia continua a trabalhar. Em novembro vai estrear “Vento Forte”, de Jon Fosse, no recém-aberto Teatro Variedades, tem em cena a peça “Remédio”, de Enda Walsh, no Festival de Almada, e dentro de dias vai estrear “Búfalos”, de Pau Miró, no Citemor, em Montemor-o-Velho.

A ausência de espaço levanta problemas, não só pelo acordo que têm com a Direção-Geral das Artes, ao nível da programação, que prevê a existência de um local fixo, como pela logística e custos envolvidos no movimento de pessoas e de estruturas, como João Meireles já avançara à Lusa.

A assessoria de imprensa da Câmara Municipal de Lisboa (CML) disse à agência Lusa que a autarquia continua empenhada na resolução deste processo e em encontrar uma solução definitiva, consensualizada com os Artistas Unidos, que permita a continuidade do seu trabalho.

O presidente da autarquia, Carlos Moedas, admitiu na semana passada não haver ainda um espaço para a companhia, sublinhando estar a “trabalhar muito no sentido de encontrar uma solução definitiva”.

“Temos andado a ver mil espaços”, disse Carlos Moedas aos jornalistas nos Paços do Concelho, na conferência de imprensa de apresentação do balanço dos projetos e das atividades culturais da cidade de Lisboa, na passada sexta-feira.

Para Carlos Moedas, o ideal era voltar ao lugar inicial da companhia no Bairro Alto, o antigo edifício d’A Capital, que necessita de obras de reconstrução.

Questionado sobre a hipótese de regressarem a este espaço no Bairro Alto, João Meireles disse tratar-se de uma ideia que a companhia colocou em março de 2022, mas que “é apenas uma ideia”.

“Ainda nem há certeza de que a obra prevista para aqueles edifícios permita que se instale uma sala de espectáculos”, afirmou, acrescentando não existirem projetos globais “para se conseguir perceber” que espaço estaria disponível para o equipamento. E mesmo que seja uma “ideia concretizável”, só o será “daqui a uns anos”, frisou, já que a obra não está feita. A preocupação mais urgente da companhia consiste em ter um lugar onde possa trabalhar.

Na semana passada, Carlos Moedas disse ainda que esteve a tentar negociar com o reitor da Universidade de Lisboa para prolongar um pouco mais a utilização do Teatro da Politécnica, mas sem resultados.

Na mesma conferência de imprensa, Carlos Moedas anunciou a reabertura do Teatro Variedades, no Parque Mayer, em Lisboa, a 05 de outubro, adiantando que vai juntar “companhias independentes que não têm ‘casa’ e não têm nada a ver umas com as outras”, como “os Artistas Unidos, Marina Mota, o teatro de revista”, acrescentou, escusando-se a dar pormenores.

Os Artistas Unidos, fundados em 1996 pelo dramaturgo e encenador Jorge Silva Melo (1948-2022) completam 30 anos de existência em setembro de 2026.

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