Rita Alarcão Júdice recusou responder às críticas feitas por Lucília Gago, que considerou graves as palavras da ministra da Justiça, por apontar a necessidade de pôr “ordem na casa” no Ministério Público.

Questionado pela Lusa logo após a entrevista de Lucília Gago à RTP1, a primeira desde que assumiu a liderança da Procuradoria Geral da República em 2018, o gabinete do Ministério da Justiça assegurou que “não vai haver nenhuma reação” de Rita Alarcão Júdice.

Lucília Gago admitiu que a entrevista recente da ministra da Justiça ao Observador foi uma “mola impulsionadora” para reagir publicamente e acusou Rita Alarcão Júdice de não lhe ter transmitido qualquer diagnóstico sobre o Ministério Público numa audiência que durou três horas.

“Ouvi as declarações e fiquei algo incrédula e perplexa. São indecifráveis e graves. Indecifráveis porque disse que o diagnóstico estava feito e não mo disse numa audiência de três horas, seria uma ocasião ótima para o fazer. Graves porque diz que o Ministério Público tem uma situação de falta de liderança, de falta de capacidade de comunicação e que precisa de arrumar a casa. Rejeito essas críticas que imputam ao Ministério Público o exclusivo das coisas más que acontecem na Justiça”, disse.

A procuradora geral da República denunciou ainda a existência de uma “campanha orquestrada” contra o Ministério Público, implicando as palavras da ministra da Justiça nesse contexto de ataque à sua magistratura.

“É muito direto e incisivo, dizendo que nos últimos tempos houve perda de confiança imputável ao Ministério Público e à atual liderança que o procurador geral da República exerce. É uma declaração extraordinária, que imputa ao Ministério Público a responsabilidade pelas coisas más que acontecem no território da justiça, coisa que rejeito em absoluto”, concluiu Lucília Gago.

Na recente entrevista ao Observador, Rita Alarcão Júdice disse que era preciso mudar algo no Ministério Público para reforçar a credibilidade e que um “novo procurador geral tem de pôr ordem na casa” e revelar capacidade de gestão e de liderança.

“Há um diagnóstico que está feito. Houve uma certa descredibilização e algum ruído à volta do Ministério Público. Está a ser muito atacado. O Ministério úblicoP é muito importante, a sua capacidade e credibilidade é determinante para o bom funcionamento da Justiça. E, por isso, é essencial ter alguém que possa restituir essa confiança”, declarou a ministra numa entrevista publicada no passado dia 27 de junho.