Há mais de uma década profundamente empenhado em dar vida a um plano para reduzir a pegada carbónica das operações de loja e logística, e tendo conseguido já um corte de 55% das emissões só nesta última vertente, o Pingo Doce viu recentemente reconhecidos os seus esforços com uma distinção de peso. Trata-se do selo Lean&Green, atribuído pela GS1 Portugal, que deu à marca do grupo Jerónimo Martins quatro estrelas, a classificação de topo, pelo maior compromisso assumido com a descarbonização. A nível internacional, apenas os Países Baixos – onde o programa Lean & Green teve origem – e Espanha contam com participantes no programa com este nível de reconhecimento de descarbonização, frisa a GS1.
Como conseguiu o Pingo Doce atingir este patamar? “Entre as iniciativas do nosso Projeto de Descarbonização da Logística, destacamos a operação de transporte circular, que aproveita as rotas de regresso das viaturas para recolha e entrega de mercadoria (backhauling e fronthauling) e a criação do Hub Logístico de Lisboa, plataforma de crossdocking, que permite abastecer continuamente as lojas de proximidade na Grande Lisboa, sem necessidade de deslocação ao centro de distribuição regional, minimizando os quilómetros percorridos”, explica ao NOVO Ricardo Mestre. O diretor de Logística do Pingo Doce especifica que, entre 2018 e 2022, “o backhauling evitou a emissão de 29.430t de CO2 (equivalente a menos 67 milhões de km e à recolha de cerca de 3 milhões de paletes) e o fronthauling, desde 2019, evitou a emissão cumulativa de 204 t de CO2”.
Também o Hub Logístico entra nas contas, subtraindo 560 toneladas de emissões só em 2022, bem como a eco-conduçãoque permitiu evitar mais de 1.400 t CO2 graças às boas práticas dos motoristas. Ricardo Mestre saliente ainda a adoção de tecnologias de energia renovável e soluções com menor impacte ambiental, como a utilização de painéis fotovoltaicos para produzir eletricidade para autoconsumo e a aposta em iluminação eficiente e utilização de gases naturais, abrangendo as infraestruturas logísticas e o transporte entre armazéns e lojas.
Esta mudança, naturalmente, não se fez sem investir. “As primeiras ações do Projeto de Descarbonização da Logística do Pingo Doce começaram a ser implementadas há mais de 10 anos de forma contínua”, explica o responsável. De acordo com os dados publicados pela JM, só entre 2017 e 2022, o grupo investiu 249 milhões de euros para implementar projetos de gestão eficiente de água e energia e reduzir a sua pegada. Uma aposta em que o grupo não vai abrandar esforços. “A descarbonização vai continuar a ser prioridade e continuaremos a executar o nosso detalhado plano de ação, de modo a reduzir ainda mais as emissões associadas à atividade logística”, sublinha Ricardo Mestre, realçando a importância de ter aderido à iniciativa Lean&Green, a maior plataforma europeia de colaboração com vista à redução de emissões de CO2 associadas às operações logísticas e de transportes, mas também a subscrição da Carta de Princípios do Roteiro para a Descarbonização na Distribuição, iniciativa promovida pela APED que convoca todos os stakeholders ao movimento de descarbonização do sector até 2040.
“Cada vez mais, os consumidores estão conscientes, atentos e exigentes para o tema da sustentabilidade e, em particular, para o que as empresas estão a fazer no combate ao fenómeno das alterações climáticas, de forma que, o que fazemos representa uma importante oportunidade de diferenciação”, considera ainda Ricardo Mestre, lembrando que a atividade do grupo rumo à sustentabilidade não se esgota no grupo, antes estendendo a busca de práticas mais sustentáveis a parceiros, fornecedores e clientes. “Enquanto retalhista alimentar que chega diariamente a milhares de pessoas, temos como prioridade criar valor para os nossos clientes e as comunidades nas quais estamos inseridos, respeitando o ambiente e as pessoas, e também a responsabilidade de influenciar práticas, processos, produtos e hábitos mais sustentáveis em toda a cadeia de valor.”
É por isso que, na hora de olhar ao que pode ser feito pelas outras empresas, em lugar de deixar conselhos Ricardo Mestre prefere dar o exemplo: “A distinção de quatro estrelas Lean&Green e as metas alcançadas com o Projeto de Descarbonização da Logística comprovam que o compromisso com a sustentabilidade é o caminho certo para tornar os negócios mais eficientes e acima de tudo contribuir de forma ativa para proteger o planeta, assegurando as necessidades das gerações futuras.”
Artigo publicado na edição do NOVO de sábado, dia 17 de fevereiro