Releaf Paper é uma start up ucraniana, criada por Valentyn Frechka para um projeto escolar quando tinha apenas 16 anos, que produz papel a partir de folhas caídas das cidades ucranianas, evitando o abate de árvores, ao mesmo tempo que usa menos energia, menos água e emite menos CO2. Estão na Web Summit para apresentar os produtos que desenvolveram e para o natural networking que se faz neste tipo de eventos.
“Estava a trabalhar num projeto de estudante para umas olimpíadas e torneios escolares e estava à procura de alternativas à pasta de madeira, porque vivia perto das florestas”, explica ao NOVO Hanna Kuznetsova. “Ele via o abate de árvores e não queria. Por isso, experimentou várias alternativas – palha, bambu –, mas esta não era uma tecnologia única na altura”.
Por isso, teve o seu momento Eureka ao olhar para as folhas caídas no chão: eram parte das árvores, continham celulose, deveria ser possível produzir papel a partir delas.
“Foi a ideia certa, o conceito certo. Três anos depois, Alexander [Sobolenko] juntou-se a ele e criaram a start up”, sublinha Kuznetsova.
A ideia por trás da Releaf Paper é a reciclagem de folhas caídas para a produção de papel. As folhas não são recolhidas nas florestas, mas pelos municípios, que depois as entregam à empresa. A produção do papel é feita através da combinação de químicos, através de processos termomecânicos, totalmente sustentáveis, uma vez que os produtos utilizados não são perigosos nem concentrados.
O impacto ambiental também é significativo. Além de não abater quaisquer árvores para a produção de papel, a Releaf Paper usa três vezes menos energia e 15 menos água. Durante o processo, comparando com a produção tradicional de papel, são produzidas menos 78% de emissão de CO2.
“Além disso, salvamos 17 árvores por cada tonelada de papel produzida. A nossa ambição é atingir 5% da indústria do papel em 50 anos. É um processo longo e precisamos de muitas unidades de produção semelhantes em diferentes cidades para consegui-lo. Não é uma percentagem otimista, porque otimismo seria 10%”, aponta Kuznetsova. “Todos os anos são cortados cerca de três milhões de hectares de florestas para fazer papel. Portanto, se houvesse pelo menos 5%, o impacto seria enorme. É apenas um começo”.
Para atingir este objetivo, a Releaf Paper conta com o apoio da Comissão Europeia, no valor de 2,5 milhões de euros, atribuído no início deste ano, com o compromisso de mais oito milhões para a montagem de uma segunda e terceira linha de produção fora da Ucrânia, depois de um primeiro projeto em França.
O papel produzido pela Releaf Paper pode ter várias aplicações: sacos, papel de embrulho, caixas de cartão canelado, caixas para ovos. Desde outubro do ano passado que os produtos da Releaf Paper são vendidos em toda a Europa, depois de uma primeira fase em que o eram apenas na Ucrânia. Apesar de, nessa altura, serem um pequeno projeto ucraniano, tinham como principais clientes a Samsung ou a L’Óreal.