Rui Tavares defendeu hoje que os portugueses devem conhecer “melhor os contornos” judiciais do caso que envolve António Costa e considerou que as negociações orçamentais estão “completamente esvaziadas” e que, se houver eleições, elas devem acontecer rapidamente.
Em declarações aos jornalistas no Palácio de Belém, onde Marcelo Rebelo de Sousa está hoje a ouvir os oito partidos com assento parlamentar para uma eventual dissolução do Parlamento, após a demissão de António Costa, Rui Tavares defendeu que, caso Marcelo Rebelo de Sousa decida dissolver a Assembleia da República e convocar eleições antecipadas, essas eleições devem ser “marcadas o mais rapidamente possível”, apontando para o final de janeiro ou início de fevereiro.
“Não interessa ao país que se prolongue uma situação de incerteza e que estejamos muito tempo sem um parlamento democraticamente escolhido que clarifique os caminhos de futuro para o país”, defendeu.
Questionado se considera importante que o Orçamento do Estado para 2024 seja aprovado em votação final global antes de Marcelo dissolver o Parlamento, Rui Tavares disse que as negociações orçamentais estão neste momento “completamente esvaziadas” e que não se vai conseguir negociar o Orçamento do Estado da maneira que “seria desejável”.
“Portanto, desse ponto de vista, protelar à espera de fechar o Orçamento, não nos parece que introduza um grande ganho para o país”, afirmou.
Já se o chefe de Estado optar por outro cenário, “dentro da maioria parlamentar que existe”, Rui Tavares considerou que é também “muito importante” que Marcelo “comunique ao país com que critérios e de que formas é que o cenário poderia ser outro que não de eleições antecipadas”.
Sobre a atuação da justiça, Rui Tavares defendeu que todos os portugueses merecem conhecer “melhor os contornos” do caso que levou à demissão de António Costa e perceber porque é que o país passou de uma situação de rotina para algo “de absoluta excecionalidade política”.
Para o co-porta-voz do Livre, um país que tem “normais relações entre órgãos de soberania” tem de ter “uma forma de relação com a cidadania que prime pela transparência, pela responsabilização”.
“As coisas, em princípio, não se devem passar com um parágrafo num comunicado do gabinete de imprensa, sem nós sabermos se isso é meramente contingente – e se, portanto, não havia justificação para estarmos numa crise política como estamos – ou se, pelo contrário, existem razões”, disse.
Questionado sobre quem deve explicações, Rui Tavares respondeu que “todas as pessoas diretamente envolvidas”, mas considerou que não se deve “adivinhar nem antecipar”.
“Creio que a senhora procuradora, o senhor primeiro-ministro, o senhor Presidente da República, todos nós deveríamos ter sentido de responsabilidade perante uma democracia que tem 50 anos, mas tem elementos de tensão, de preocupação e de fragilidade”, referiu.
O Presidente da República está hoje a ouvir os oito partidos com assento parlamentar, antes de ouvir na quinta-feira o Conselho de Estado, para uma eventual dissolução do Parlamento, após a demissão do primeiro-ministro.