O Banco Central Europeu (BCE) deixou para já as taxas de juro inalteradas após 10 subidas consecutivas, advertindo que os riscos inflacionistas, acentuados pelo conflito no Médio Oriente, ainda não permitem ponderar uma descida dos juros.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, considerou, contudo, “prematuro” discutir um corte nas taxas de juro.
“Discutir cortes é totalmente prematuro neste momento”, afirmou Lagarde, na conferência de imprensa que se seguiu à reunião do banco central que deixou as taxas de juro inalteradas, o que acontece pela primeira vez desde julho de 2022.
Esta pausa foi anunciada depois de 10 subidas consecutivas das taxas de juro e numa altura em que a inflação dá sinais de abrandar.
Lagarde recordou que a taxa de inflação abrandou para 4,3% em setembro, uma redução de quase um ponto percentual em relação a agosto e antecipou que, a curto prazo, é provável que baixe mais, na medida em que os preços da energia e dos alimentos registaram uma forte subida no outono de 2022.
Isso significa que já existe “uma forte transmissão da política monetária, no setor bancário em particular, e que o financiamento da economia está a ser diretamente afetado”, sublinhou.
Em outubro de 2022, a inflação atingia 10,6% na zona euro, quando se faziam sentir plenamente os efeitos da guerra na Ucrânia nos preços do gás e do petróleo.
Lagarde disse ainda que o BCE está “muito atento” ao risco económico colocado pela guerra entre Israel e o Hamas, que pode fazer subir de novo os preços da energia.
Os preços da energia tornaram-se “menos previsíveis” e as “tensões geopolíticas crescentes podem levá-los a disparar a curto prazo”, aumentando as pressões inflacionistas, explicou.
Com este panorama, “as empresas e as famílias ficam menos confiantes e com maior incerteza quanto ao futuro”, o que pode reduzir o crescimento, acrescentou.
Em dezembro, o BCE decidirá em função das novas previsões económicas que serão divulgadas na altura.
As últimas previsões do BCE, divulgadas em setembro, apontavam para o preço do petróleo em 82,7 dólares em 2024 e 77,9 dólares em 2025, cálculos que parecem desatualizados depois do aumento registado na sequência da escalada no conflito entre Israel e o Hamas.
A maior parte dos economistas não espera uma descida das taxas de juro antes do segundo semestre de 2024.
A taxa de depósitos permanece em 4%, o nível mais alto registado desde o lançamento da moeda única em 1999, enquanto a principal taxa de juro de refinanciamento fica em 4,5% e a taxa aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez mantém-se em 4,75%.