Os argentinos vão hoje às urnas no domingo para escolher o presidente que terá como missão a difícil de recuperar uma economia à beira do desastre, na primeira volta das eleições. Com uma inflação perto dos 140%, uma moeda em desvalorização e a atividade económica em declínio, a escolha divide-se entre o libertário, Javier Milei (A Liberdade Avança); a candidata da direita tradicional ex-ministra de Segurança, Patricia Bullrich (Juntos pela Mudança); e o atual ministro da Economia, Sergio Massa (União pela Pátria).

Estes três candidatos foram os mais votados dos cinco que conseguiram ser eleitos nas primárias do país: Milei com 29,86%, Bullrich com 28% e Massa com 27,27%.  Juan Schiaretti (Fazemos pelo Nosso País) e Myriam Bregman (Frente de Esquerda) também se qualificaram para se apresentarem na primeira volta das eleições, mas ficaram muito atrás dos três primeiros: 3,7% e 2,6% respetivamente.

Uma vitória de Milei provavelmente levará a nova desvalorização do peso, uma vez que o candidato prometeu trocar a moeda nacional pelo dólar e encerrar o Banco Central da Argentina. Quando venceu Milei as eleições primárias, o peso desvalorizou 18,3%.

Com receios de nova desvalorização, as empresas argentinas suspenderam a atividade, desde a venda de material de construção a peças para automóveis e até papel higiénico. Na última semana, segundo o banco central, os argentinos retiraram quase 500 milhões de dólares dos bancos, temendo que os depósitos em dólares não sejam garantidos pelo governo.

Sergio Massa, atual ministro da Economia, mantém-se na corrida, apesar de o país estar a braços com uma inflação que atingiu os três dígitos (138%) pela primeira vez desde 1991. Comprometeu-se a reduzir o défice orçamental, a manter o peso como moeda e a defender a rede de segurança social.

Já Patricia Bullrich, antiga ministra da Segurança e bastante popular nos círculos empresariais, viu o seu apoio diluir-se com o inesperado aparecimento de Milei na corrida.

Sondagens recentes mostram que a União pela Pátria, partido no poder e herdeiro do peronismo, pode registar o pior resultado eleitoral desde 1983. Ainda assim, Sergio Massa, que conta com o apoio do presidente do país Alberto Fernández e da vice Cristina Kirchner, vai à frente na última sondagem.

Na sondagem da AtlasIntel, de 13 de outubro, Massa aparece na frente nas intenções de votos na primeira volta, com 30,9%. Milei recolhe 26,5% e Bullrich, 24,4%. Com base nestes resultados, a segunda volta deverá opor Sergio Massa e Javier Milei. A polarização entre estes dois candidatos acalenta a esperança de Massa de que possa conquistar eleitores ao centro, desconfortáveis com as propostas radicais de Milei.