A Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder) foi anunciada este sábado como partido vencedor das eleições autárquicas em Maputo, capital do país, onde o candidato da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, oposição) já tinha proclamado a vitória.

“De acordo com o que acabámos de apresentar, foi eleito o edil de Maputo o cabeça-de-lista do partido Frelimo com 58,78% [dos votos]”, declarou esta tarde Ana Tchemane, presidente da Comissão Provincial Eleitoral de Maputo, ao divulgar os dados do apuramento intermédio da cidade capital, com 100% dos editais processados.

Ana Tchemane acrescentou que estavam inscritos para a votação de quarta-feira em Maputo 635.287 eleitores e registou-se uma taxa de abstenção de 35%.

De acordo com o edital de apuramento intermédio apresentado hoje, a lista da Frelimo na cidade de Maputo, liderada por Rasaque Manhique, recolheu 235.406 votos (58,78%), a da Renamo 134.511 votos (33,59%) e o Movimento Democrático de Moçambique 24.365 votos (6,8%).

Antes de apresentar o edital, Ana Tchemane criticou a “especulação” dos últimos dias por parte de “alguns partidos políticos”, sobre a não divulgação de resultados e lamentou a “desinformação” gerada nas redes sociais, destinada a “descredibilizar” o processo de apuramento intermédio.

O cabeça-de-lista da Renamo à cidade de Maputo, Venâncio Mondlane, proclamou na quinta-feira, com 53% dos votos, a vitória na autarquia da cidade, liderada pela Frelimo, utilizando a contagem paralela feita pelo partido recorrendo aos editais publicados por cada mesa de votação, levando milhares de apoiantes às ruas.

“Estas são as eleições autárquicas que demarcam uma transição democrática, que passa, primeiro, pelo início de uma transição política”, disse à comunicação social.

Venâncio Mondlane, 49 anos, é engenheiro florestal e deputado no parlamento, sendo classificado pelos seus simpatizantes como VM7 – o CR7 da política moçambicana, numa alusão a Cristiano Ronaldo. O candidato da Renamo tem vindo a utilizar a sua conta oficial na rede social Facebook para denunciar a alegada tentativa de fraude na capital, a qual deixou de estar acessível hoje.

A Frelimo, partido no poder em Moçambique, já foi anunciada nas últimas horas pelas comissões provinciais e distritais de eleições como vencedora das autárquicas em todos os sete municípios de Cabo Delgado (conquistando um município à Renamo), em Quelimane, província da Zambézia, e em Nampula (ambos até agora liderados pela Renamo) e na Matola, o mais populoso do país.

O principal partido de oposição em Moçambique tem estado a denunciar alegadas fraudes nas autarquias cujos resultados intermédios foram anunciados, todos dando vitória à Frelimo, acusando a polícia de estar a ser instrumentalizada pelo partido no poder.

“Responsabilizamos ao senhor Bernardino Rafael [comandante da polícia moçambicana] e ao partido no poder por todas consequências que surgirem da fúria dos moçambicanos que em protesto deste linchamento e assassinato da democracia”, disse o presidente da Renamo, Ossufo Momade, numa conferência de imprensa na quinta-feira.

As sextas eleições autárquicas em Moçambique decorreram em 65 municípios do país na quarta-feira.

Pouco mais de 4,8 milhões de eleitores podiam votar nestas eleições, tendo a porta-voz do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE), Regina Matsinhe, assegurado à Lusa que se tratou de uma votação “ordeira e pacífica”, embora apontando “incidências ao longo do dia”.

Nas eleições autárquicas de 2018, a Frelimo venceu em 44 das 53 autarquias e a oposição em apenas nove, casos da Renamo em oito e do MDM em uma.