Hunter Biden, filho do presidente norte-americano, declarou-se hoje inocente, num tribunal do Delaware, das acusações de ter mentido sobre ter comprado uma arma sob o efeito de drogas.

O filho de Joe Biden está a ser alvo de três acusações relacionadas com as alegações de que terá mentido num formulário federal para comprar uma pistola Colt Cobra, em 2018, e também por ter consumido drogas ilegais na posse da mesma arma. Esta é a primeira vez que um filho de um presidente dos Estados Unidos em exercício é alvo de um processo criminal.

Hunter Biden chegou ao tribunal num comboio de seis viaturas pretas e acompanhado por seis homens com auscultadores, que pareciam ser agentes dos Serviços Secretos e se sentaram junto a ele durante a audição. No final, acompanharam-no para fora da sala de audiências, através de uma porta lateral.

O juiz Christopher Burke estabeleceu algumas condições para a libertação de Hunter Biden até à data do julgamento, incluindo a autorização de viagem com um agente de liberdade condicional, a abstenção do uso de drogas ilegais e de álcool e a procura de emprego. O juiz adiantou ainda que Hunter Biden foi submetido a vários testes de consumo de drogas e que os resultados foram negativos.

Hunter Biden participou, em julho deste ano, numa audiência relacionada com estas acusações, em que a juíza Maryellen Noreika se recusou a aceitar um acordo para separar as acusações de armas e fiscais. Nos termos do acordo, Hunter Biden tinha concordado em declarar-se culpado de infrações fiscais, evitando ser punido pelas acusações de posse de armas se, durante dois anos, não possuísse uma arma de fogo e se abstivesse de consumir drogas e álcool.

Abbe Lowell, advogado de Hunter Biden, revelou na terça-feira que irá apresentar uma moção para arquivar o processo, por considerar que o acordo de julho continua em vigor e por considerar que o estatuto é inconstitucional. Christopher Burke informou-o de que teria de apresentar a moção até 3 de novembro.

Alguns juristas alegam que as acusações relacionadas com armas de fogo contra Hunter Biden poderiam vir a ser alvo de uma contestação constitucional, depois de o Supremo Tribunal dos Estados Unidos ter alargado, em 2022, através de uma decisão histórica, os direitos de porte de arma ao abrigo da Segunda Emenda da Constituição dos Estados Unidos, que protege o direito de portar armas.

Hunter Biden tem sido alvo, nos últimos anos, de ataques implacáveis por parte dos republicanos, liderados por Donald Trump. Os republicanos acusam Hunter Biden, que trabalhou como lobista, advogado, banqueiro de investimento e artista, de vários atos ilícitos relacionados com a Ucrânia e a China e fizeram dele o foco de um inquérito de impeachment de Joe Biden.

O filho do presidente norte-americano, que já falou publicamente sobre o seu abuso de substâncias, nunca ocupou um cargo na Casa Branca ou na campanha do pai. Joe Biden também já afirmou nunca ter discutido negócios estrangeiros com o seu filho e que o Departamento de Justiça teria toda a independência em qualquer investigação a um membro da sua família.