O líder do partido socialista espanhol (PSOE), Pedro Sánchez, assegurou este domingo que será reconduzido como primeiro-ministro, na sequência das eleições de 23 de julho, mas sem dar detalhes sobre as negociações com os partidos independentistas de que depende.

Sánchez falou num comício em Barcelona quando, ao mesmo tempo, em Madrid, o Partido Popular (PP, direita), juntava dezenas de milhares de pessoas numa iniciativa contra as alianças que socialistas negoceiam com independentistas, sobretudo, os catalães, que pedem uma amnistia para os dirigentes regionais envolvidos numa declaração unilateral de independência em 2017.

“Estão a manifestar-se contra um Governo socialista. Pois, lamento, vai haver um Governo socialista. Para nós é claro: há números [nos apoios parlamentares] para um Governo progressista do PSOE com o partido de Yolanda Díaz [Somar]”, afirmou.

O PP foi o partido mais votado nas eleições de 23 de julho e o líder dos populares, Alberto Núñez Feijóo, submete-se esta semana, a partir de terça-feira, a uma tentativa de investidura como primeiro-ministro no parlamento, embora reconheça que não tem, até agora, os apoios suficientes para ser eleito.

Sánchez referiu-se hoje a Feijóo como “o candidato falhado” a primeiro-ministro e considerou que “se boicota a ele mesmo” por se manifestar contra um Governo do PSOE nas vésperas da sua própria tentativa de investidura.

“Podem perder-se umas eleições, mas não se pode perder o sentido da realidade”, disse o líder socialista, que condenou declarações dos últimos dias de dirigentes do PP em que consideram que pode haver deputados do PSOE descontentes com Sánchez por causa das concessões aos independentistas que acabem por “reconsiderar” o voto contra Feijóo.

Sánchez reiterou ainda uma das críticas que tem dirigido ao PP por causa dos entendimentos a que tem chegado com partidos separatistas, como já aconteceu na última legislatura.

O PP “grita que Espanha se desmantela”, mas “o mais perto que esteve disso foi com Rajoy e a declaração unilateral de independência” de 2017, afirmou Sánchez, numa referência ao primeiro-ministro de então, Mariano Rajoy, do Partido Popular.

Sem nunca se referir às negociações com os partidos independentistas catalães e à exigência de amnistia, Sánchez garantiu, mais uma vez, que o PSOE cumpre a Constituição espanhola e aposta “em virar a página e na convivência, na concórdia e no reencontro” com a Catalunha.

Para a tentativa de investidura como primeiro-ministro, Feijóo conta com o apoio de 172 deputados do PP, do VOX (extrema-direita), Coligação Canária e União do Povo Navarro.

Todos os outros partidos (178 deputados no conjunto) têm manifestado disponibilidade para negociar a viabilização de um novo Governo de Sánchez e desde 23 de julho já por duas vezes se formou essa maioria absoluta de que o líder socialista precisa para ser reconduzido primeiro-ministro.

A primeira foi em 17 de agosto, para eleger a socialista Francina Armengol presidente do Congresso dos Deputados. A segunda foi na semana passada, para aprovar o uso do basco, catalão e galego, a par do castelhano, nos trabalhos parlamentares.

Se se confirmar a investidura falhada de Feijóo, o chefe de Estado de Espanha, o Rei Felipe VI, terá a seguir de indicar novo candidato a primeiro-ministro, o que deverá fazer após uma ronda de audições com os partidos.