Volodymyr Zelensky afirmou hoje que um “conflito congelado” permitiria à Rússia recrutar uma nova geração de jovens russos que vão servir de “carne para canhão” quando os combates fossem reiniciados.

Em conferência de imprensa conjunta na Letónia com o homólogo letão, Edgars Rinkevics, frisou ainda que as guerras terminam, enquanto “os conflitos congelados não têm fim”.

Uma situação na qual uma paralisia na guerra, sem resolução, permitiria à Rússia alimentar a sua população com “narrativas e desinformação” que justificariam o reinício dos combates mais adiante.

“Temos de evitar que a Rússia volte a ser poderosa”, sublinhou o presidente ucraniano, em Riga, a última etapa de um périplo pelos Estados do Báltico, iniciado quarta-feira na Lituânia e que prosseguiu esta manhã na Estónia.

Por sua vez, o presidente letão anunciou um novo pacote de ajuda militar à Ucrânia, que inclui obuses, helicópteros, armas antitanque e de defesa aérea, para além de munições de 155 milímetros, entre outras.

A deslocação de Zelensky aos Estados do Báltico decorre num momento em que Moscovo e Kiev se acusam mutuamente de atingir deliberadamente civis nos seus ataques com mísseis, num contexto de escalada dos ataques.

Rinkevics não mencionou uma soma específica para o pacote de ajuda financeira a Kiev, mas afirmou que até ao momento a Letónia entregou à Ucrânia o equivalente a 600 milhões de euros, cerca de 1% do PIB do país.

Zelensky agradeceu a ajuda e saudou a decisão do parlamento letão de nacionalizar um centro cultural russo em Riga, que considerou correta e inserida na perspetiva de confiscar propriedades russas em território da União Europeia.

Antes, durante a visita a Talin, capital da Estónia, Zelensky considerado que uma “pausa” na defesa da Ucrânia contra a invasão russa permitira “esmagar” o país, no segundo dia do seu périplo pelos Estados do Báltico.

“Deem à Rússia dois ou três anos e ela esmagar-nos-á. Não correremos esse risco (…). Não haverá uma pausa a favor da Rússia”, assegurou durante uma conferência de imprensa com o seu homólogo estónio Alar Karis.

“Uma pausa no campo de batalha, no território da Ucrânia, não é uma pausa na guerra. Isso não significa o fim da guerra. Nem conduzirá a um dialogo político com a Federação da Rússia ou com qualquer outro”, insistiu.

A passagem por Talin, segunda etapa de uma deslocação aos três Estados do Báltico, também ex-repúblicas soviéticas e fiéis aliados da Ucrânia, decorreu no âmbito dos esforços destinados a reforçar o apoio a Kiev quando se aproxima o segundo ano do início da guerra.

Zelensky sublinhou igualmente a importância da ajuda internacional ao país e lamentou o bloqueio pela Hungria de uma ajuda europeia de 50 mil milhões de euros.

“Existe um atraso e o bloqueio de um importante pacote financeiro sem o qual é impossível sobreviver. Digamos que é difícil”, declarou numa conferência de imprensa conjunta, desta vez acompanhado pela primeira-ministra estónia Kaja Kallas.

Em resposta, Kallas assegurou o apoio da Estónia à Ucrânia “até à vitória” e sublinhou que “a liberdade deverá ser a melhor arma contra a tirania”, reiterando a promessa de consagrar 0,25% do PIB do país em ajuda militar à Ucrânia no decurso dos próximos quatro anos.

“Esperamos que sirva de exemplo a todos os outros”, acrescentou Kallas.

O presidente ucraniano também repetiu que a adesão à NATO constitui a melhor garantia de segurança para o seu país e para a região, uma vez que garantiria desse forma “um exército dotado de experiência militar, não teórica, mas prática”, acrescentou.