O Conselho de Administração (CA) da Global Media Group  (GMG) proprietária da TSF, do Jornal Notícias (JN), do Diário de Notícias (DN), d’ O Jogo, entre outros, decidiu suspender todos os programas emitidos pela TSF que tenham a participação de colaboradores externos à rádio. A denúncia foi feita esta sexta-feira pelo conselho de redação (CR)  da TSF em ata de reunião realizada esta sexta-feira a que o NOVO teve acesso.

Os jornalistas explicam: “Depois da anunciada redução para quase metade dos profissionais da rádio, foram os membros eleitos informados de que, a partir de agora, todos os programas que tenham a participação de colaboradores externos à TSF ficam em “pausa”, por indicação da administração, alegando com “a entrada de uma nova direção“ na TSF para “breve”.

Segundo o documento, entre os programas agora suspensos encontram-se todos os espaços de opinião e análise política diária nas manhãs, mais os programas “Café Duplo” e “Não Alinhados”, tal como o “Bloco Central” que, juntamente com o “Ministério do Futuro”, é um dos programas semanais, produzidos pela TSF, mais influentes no quadro do comentário político.

Depois de Graça Fonseca e Miguel Poiares Maduro terem optado por colocar um ponto final no programa que faziam, invocando que os pressupostos que levaram à sua criação deixam de existir na TSF que aí vem, agora é a própria administração a retirar o “Bloco Central”, diz o CR.

Na ata pode ler-se:  “Significa isto que, num curto espaço de tempo, temos mais um ato inédito na história da TSF: a somar à razia entre os trabalhadores, junta-se agora uma razia na antena. Nunca a TSF esvaziou a programação antes da entrada de uma nova direção e muito menos por decisão imposta pela administração, no caso, a uma direção demissionária. Sabendo-se que “suspensos da antena” não passa de um eufemismo para retirados da antena.”

Segundo os jornalistas da TSF, “esta decisão editorial determinada pela administração choca frontalmente com todos os princípios pelos quais um órgão de comunicação social deve reger-se numa sociedade democrática.”

Lembram os profissionais que “as decisões editoriais – como sucedeu sempre na TSF – são responsabilidade da direção com o respetivo pelouro”. Neste sentido, escreveram em ata: “Não é admissível uma ingerência da administração que, tal como esta, coloca em causa a liberdade de ação de uma direção que, embora demissionária desde o dia 12 de dezembro, não fica com as suas capacidades editoriais eliminadas.”

Para aqueles jornalistas, “ao suspender os programas, a intenção, como facilmente se conclui, é dar à futura direção uma antena praticamente vazia para ser construída uma grelha quase a partir do zero. Por outras palavras, a tal “refundação” a que o CEO da GMG aludiu publicamente. Uma grelha que, certamente, já será concebida para ser executada com menos 30 trabalhadores.”

Recorde-se que o CA da GMG anunciou uma reestruturação na rádio que  inclui o despedimento de 30 trabalhadores na TSF. Na sequência, a direção da TSF, presidida por Rosália  Amorim, demitiu-se em bloco.

“Estamos já a atravessar o período mais crítico da história da TSF. Se dúvidas houvesse sobre a ameaça à extinção do projeto editorial de 35 anos, depois deste ato sobre a programação não há margem para qualquer incerteza”, dizem os jornalistas.

E concluem: “É assim, com enorme preocupação e indignação, que os membros eleitos do CR constatam aquilo que pode definir-se como um processo de autodestruição da rádio que está a ser levado a cabo pela administração. Logo, não podem deixar de condenar expressamente a ingerência da administração que se tem processado.”