“Vamos alcançar um milhão de produtos no marketplace em cinco anos”, revela CEO da Conforama Ibéria

A Conforama vai lançar um marketplace digital este ano, aumentando a sua oferta no mercado de forma considerável. O CEO da operação ibérica revela ao NOVO Economia que, com esta aposta no digital, a empresa vai entrar em novas categorias de produtos, em áreas como o têxtil ou bebé, prevendo que o marketplace venha a representar entre 30% e 50% do volume de negócios.

Após celebrar 30 anos em Portugal, a Conforama vai criar um marketplace digital onde espera entrar em novas categorias de produtos, em áreas como o têxtil, banho, bebé, animais de companhia e artigos desportivos. A previsão é que o marketplace represente até metade da facturação da empresa, revela David Almeida, CEO da Conforama Ibéria.

Quais são os objetivos que se pretendem com a criação do marketplace da Conforama em Portugal, previsto para este ano?

A Conforama é a empresa líder em equipamento e decoração da casa e oferece uma grande variedade de produtos para o lar, adaptados a cada uma das necessidades dos clientes. Desde 1991 em Portugal, com a abertura da loja de Cascais, posicionámo-nos como uma referência na democratização dos estilos, com produtos para todos os orçamentos e todos os estilos. Na Conforama apresentamos uma oferta diferenciadora e diversificada de móveis para a casa, com produtos multiestilo, nas gamas de sofás, colchões, salas, quartos, cozinhas, eletrodomésticos, televisões e objetos decorativos. A criação e o lançamento do marketplace estão totalmente alinhados com a nossa estratégia de crescimento, centrada em oferecer aos nossos clientes a maior e melhor oferta de produtos para o lar. Além disso, queremos continuar a crescer de forma sólida em torno do digital, onde já recebemos mais de 115 mil encomendas por ano em toda a Península Ibérica, com cerca de 44 mil a serem provenientes de Portugal. O objectivo do marketplace passa por 10% das vendas online da Conforama em 2023 serem provenientes deste espaço. O marketplace vai existir e estar disponível para todo o país e permitir que a Conforama tenha uma oferta mais abrangente. Com a criação do marketplace, a Conforama vai ter a oportunidade de entrar em novas categorias de produto. Pela primeira vez, e de forma gradual, produtos nas categorias têxtil, banho, bebé, desporto e animais de companhia vão fazer parte do portefólio da Conforama, de forma a reforçar o seu posicionamento como empresa de referência.

Com este marketplace, qual o acréscimo de vendas projetado para a Conforama em Portugal?

A Conforama prevê atingir os 100 mil produtos no primeiro ano de lançamento do marketplace, com produtos de mais de 300 marcas, e alcançar um milhão de produtos em cinco anos, com uma montra de mais de duas mil marcas. Além disso, atualmente, a Conforama já recebe 115 mil encomendas por ano, e, para 2023, estima-se que 10% das vendas online provenham do marketplace – um número que, em cinco anos, se espera que chegue aos 25 a 30%. Além disso, com esta grande aposta, a Conforama espera que o marketplace venha a representar entre 30 e 50% do volume de negócios da empresa.

Qual é a caracterização atual da atividade da Conforama em Portugal e em Espanha? Como têm evoluído estes dois mercados e quais as novas tendências de consumo que a empresa tem promovido?

O cliente procura o mesmo, seja em Portugal ou em Espanha: procura a relação entre a qualidade e o preço. Este é o principal fator que leva o cliente a comprar. Em Portugal, por exemplo, a qualidade de um sofá ou de um móvel tem mais peso do que o preço no momento da compra, mas a verdade é que é a combinação destes dois fatores que mobiliza as pessoas. Contudo, faz parte da estratégia da Conforama a adaptação às preferências dos clientes, quer em Espanha quer em Portugal, e isto tem impacto na oferta dos produtos e na estratégia promocional que temos em cada país. A isto chamamos habitualmente conceito “multilocal”: não podemos esperar que, apesar de serem países vizinhos, os clientes de Portugal e de Espanha procurem exactamente o mesmo e tenham o mesmo perfil. Sabemos que existem vários factores que variam e que, com isso, temos de procurar adaptar–nos ao que os clientes em cada país mais procuram para termos uma oferta cada vez mais direccionada e maior. Em Portugal, a notoriedade da Conforama é maior do que em Espanha. Somos referência em móveis e reforçámos a nossa posição de liderança. Isso é algo que também vemos em categorias de produtos como colchões, na qual lideramos. Além disso, temos visto nos últimos tempos também um crescimento na procura de cozinhas, escritórios e na tentativa de optimizar os espaços da habitação. Com a maior tendência de teletrabalho, os portugueses sentiram necessidade de criar um pequeno escritório doméstico, mas também perceberam que devem otimizar ao máximo o espaço das suas casas. Essa é uma nova tendência que temos verificado. Ainda assim, sabemos que, tanto em Espanha como em Portugal, as lojas são vistas como a fonte de informação mais importante e a mais usada para decidir qual o produto a comprar. Vemos cada vez mais os clientes a chegarem às lojas já com ideias definidas e com um primeiro filtro feito através dos nossos canais digitais. A aposta numa estratégia de digitalização e mais próxima dos consumidores faz com que a ida à loja aconteça num momento de decisão final e já após a consulta dos produtos disponíveis no nosso site. Contudo, o modelo tem de ser, e vai ser, híbrido, principalmente em categorias em que sentir e tocar ou receber o aconselhamento de um profissional, seja em colchões ou sofás, ainda vai ter importância.

Quais as perspetivas de desenvolvimento da atividade da Conforama para os próximos anos em Portugal – e em Espanha – com a criação deste marketplace?

O objetivo da Conforama passa por continuar a crescer nos próximos anos e cimentar uma posição como líder de mercado em Portugal. A aposta nos dois países vai manter-se e a criação do marketplace é um exemplo de como estamos empenhados em continuar a dar o melhor aos nossos clientes e em ter uma oferta ainda maior. O marketplace vai possibilitar que a Conforama entre em novas categorias que não tinha nas lojas físicas. Além disso, vamos continuar a procurar posicionar-nos como uma empresa capaz de marcar as tendências dentro do segmento com os nossos guias de outono-inverno e primavera-verão.

Qual o volume de vendas alcançado pela Conforama em 2022 e como tem evoluído esse indicador? E quais são as perspectivas para os próximos anos?

Os números de 2022 ainda estão a ser fechados, mas a previsão é de um crescimento de 8%. A título de exemplo, Portugal teve um crescimento de 46% entre janeiro e setembro de 2022, face a igual período em 2021, na secção dos electrodomésticos, enquanto o mercado cresceu 6% em termos de valor e 2% em termos de quantidade. Em gama, face ao ano de 2021, existiu um crescimento de 20% em Portugal. E, se olharmos para os colchões, Portugal teve um crescimento de 15,5% entre janeiro e setembro de 2022 face ao mesmo período de 2021. Sabemos que o ano de 2023 se apresenta como um período desafiante para as empresas, depois de um contexto de readaptação após a pandemia, o surgimento da guerra e a consequente inflação. Ainda assim, a Conforama vai continuar a trabalhar para ser uma marca de referência com uma grande presença no mercado nacional e dar aos clientes o melhor produto ao melhor preço.

Qual tem sido o impacto da subida constante da inflação na generalidade dos produtos para a atividade da Conforama em Portugal, em Espanha e nos restantes países onde está presente? E o impacto da escassez de matérias primas?

A inflação é algo que tem afetado todos os mercados. Sabemos que esta escalada da inflação nos últimos meses leva a uma consequente perda do poder de compra dos consumidores, mas estamos a reagir a tudo o que tem acontecido no mundo e nos mercados de forma a continuarmos a oferecer aos clientes o melhor em termos de qualidade-preço nas diferentes categorias que a Conforama disponibiliza. A escassez generalizada e prolongada das matérias–primas tem levado ao aumento dos preços nos últimos tempos. O custo da energia, com a derivada do custo de transporte, duplicou e triplicou nos últimos 12 meses. O gasóleo é pago entre 60% e 70% mais, o que se repercute no preço do transporte. A isto junta-se também o aumento dos preços das matérias-primas, desde a madeira até à espuma, que subiram, em média, 10% e 15%. São valores muito significativos que estamos a tentar absorver para que o cliente não sinta este aumento nos preços e continue a ter acesso aos melhores produtos com o melhor preço. Mas a realidade é que o preço de um contentor de mercadorias comprado na Ásia ou no Brasil custa agora cinco vezes mais.