O Uruguai reconheceu hoje Edmundo González Urrutia como vencedor das eleições presidenciais na Venezuela, em que o Conselho Nacional Eleitoral atribuiu a vitória ao partido de Nicolás Maduro, num processo contestado pela oposição.

“Com base nas provas esmagadoras, é claro para o Uruguai que Edmundo González Urrutia obteve a maioria dos votos nas eleições presidenciais venezuelanas”, escreveu o ministro dos Negócios Estrangeiros do Uruguai, Omar Paganini, na sua conta na rede social X, depois de proclamações no mesmo sentido por parte da vizinha Argentina e dos Estados Unidos.

O chefe da diplomacia uruguaia acrescentou que espera que a vontade do povo venezuelano “seja respeitada”. O Uruguai é um dos sete países cujos diplomatas o governo de Nicolás Maduro expulsou da Venezuela depois de não ter reconhecido o resultado das eleições e de ter apelado a um processo de verificação de votos.

Na quarta-feira, o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, tinha dito que se os registos eleitorais das eleições do passado domingo na Venezuela não fossem divulgados seria “porque alguma coisa de estranho se passara”, insistindo na ideia de este país é governado por uma ditadura.

Lacalle Pou disse ainda que o que está a acontecer é “indefensável” e disse que é incrível “como o poder pode cegar tanto alguém”.

Na segunda-feira, o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela proclamou oficialmente Maduro como presidente, depois de ter anunciado no domingo à noite que o líder chavista, no poder desde 2013, ganhou as eleições com 51,2% dos votos, o mesmo resultado que foi apresentado quando apenas 80% dos atas tinham sido preenchidas.

A Argentina confirmou hoje “sem sombra de dúvida” a vitória de González Urrutia.

“Todos podemos confirmar, sem sombra de dúvida, que o legítimo vencedor e Presidente eleito é Edmundo González”, escreveu a ministra dos Negócios Estrangeiros, Comércio Internacional e Culto da Argentina, Diana Mondino, na sua conta da rede social X, onde também partilhou uma ligação para uma página da internet em que a oposição afirma estar a partilhar as atas oficiais da votação das eleições presidenciais.

A Argentina aguarda a chegada do pessoal da sua embaixada na Venezuela nas primeiras horas da manhã de sábado, após a sua expulsão (e a de representantes de outros seis países da região) pelo governo de Nicolás Maduro em repúdio às suas “ações e declarações interferentes” sobre as eleições presidenciais.

Na embaixada argentina em Caracas encontravam-se também, desde 20 de março, seis venezuelanos asilados, membros do comité de campanha da líder opositora María Corina Machado, e que eram perseguidos pela polícia de Maduro.

Em Washington, o secretário de Estado norte-americano afirmou na quinta-feira que os Estados Unidos reconhecem a vitória do candidato da oposição nas presidenciais da Venezuela, com base em “provas incontestáveis”.

“Tendo em conta provas incontestáveis, é claro para os Estados Unidos e, sobretudo, para o povo venezuelano, que Edmundo Gonzalez Urrutia obteve mais votos na eleição presidencial de 28 de julho”, disse Antony Blinken, em comunicado divulgado na quinta-feira.

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos disse considerar válida a contagem de votos apresentada pela oposição, liderada por María Corina Machado, que representa 80% das assembleias de voto e mostra que González Urrutia “recebeu a maioria dos votos com uma margem insuperável”.

De acordo com a página resultadosconvzla.com, hoje, quando afirmam ter digitalizado 81,25% das atas, Edmundo González soma 67% dos votos (7.173.152 votos), contra 30% para Maduro (3.250.424).

O Centro Carter, uma das organizações convidadas pelas governo venezuelano para observar as presidenciais, disse na terça-feira que não foi capaz de verificar os resultados das eleições, culpando as autoridades por uma “falta completa de transparência” ao declarar Maduro o vencedor.