O diretor da UNRWA, agência da ONU para os refugiados palestinianos, avisou hoje que se tornou impossível encontrar comida, água ou cuidados médicos no norte da Faixa de Gaza e exigiu uma trégua imediata da ofensiva israelita.
“No norte de Gaza, as pessoas estão apenas à espera da morte”, sublinhou Philippe Lazzarini, num comunicado publicado na rede social X.
🆘🆘 from our @UNRWA staff in northern #Gaza.
— Philippe Lazzarini (@UNLazzarini) October 22, 2024
Nearly three weeks of non-stop bombardments from the Israeli Forces as the death toll increases.
Our staff report they cannot find food, water or medical care.
The smell of death is everywhere as bodies are left lying on the roads…
As pessoas “sentem-se abandonadas, desesperadas e sozinhas” e “vivem com medo da morte a cada segundo”, referiu, adiantando que “o número de mortos continua a aumentar” após “quase três semanas de bombardeamentos contínuos por parte das forças israelitas”.
Segundo o responsável da UNRWA, “o cheiro da morte está por todo o lado, já que os corpos jazem nas ruas ou sob os escombros”, mas “as missões [de ajuda] continuam sem permissão para remover os corpos ou prestar assistência humanitária”.
Por isso, exigiu Philippe Lazzarini, é fundamental fazer “uma trégua imediata, nem que seja por algumas horas”, para permitir “a passagem das famílias que queiram sair da zona e chegar a locais mais seguros”. Isto “é o mínimo para salvar a vida de civis que nada têm a ver com este conflito”, concluiu.
O exército israelita lançou uma ofensiva contra Gaza após os ataques levado a cabo pelo Hamas a 7 de outubro de 2023, que fizeram cerca de 1.200 mortos e quase 250 reféns.
Os ataques israelitas já fizeram mais de 42 mil mortos entre os palestinianos, aos quais se somam mais de 750 mortes na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental às mãos das forças de segurança israelitas e ataques perpetrados por colonos.
O Ministério da Saúde de Gaza também afirmou hoje que o sistema de saúde na região está à beira “da catástrofe”.
“O hospital Kamal Adwan está numa situação mais que catastrófica, já que a porta do centro foi bombardeada. Bombas foram lançadas contra as ambulâncias do hospital, mas não explodiram. Os andares superiores do hospital estão a ser atacados e a unidade ruiu completamente, pelo que ninguém pode entrar ou sair”, alertou o ministério, em comunicado.
A mesma fonte referiu ainda que a maior parte do material médico deste hospital, como as unidades de sangue, já não está disponível e que o pessoal de saúde e os doentes estão “em situação de extremo perigo”.
“As forças israelitas estão a disparar contra nós de todas as direções. As pessoas estão aterrorizadas. Mas não vamos abandonar o hospital Kamal Adwan nem deixar os feridos e os doentes sozinhos”, disse o diretor do Kamal Adwan, Hossam Abu Safieh, citado pela agência de notícias espanhola Efe.
Por seu lado, o diretor do hospital Indonésio, Marwan Sultan, localizado no norte de Gaza, alertou para a possibilidade de mais doentes morrerem após o cerco israelita imposto a este centro hospitalar.
Na segunda-feira, a Casa Branca avisou Israel de que precisa fazer “muito mais” para permitir a entrada de ajuda humanitária em Gaza.
“Vimos alguns progressos nalgumas coisas (…), mas ninguém no governo dos Estados Unidos vos dirá que estamos satisfeitos ou que consideramos satisfatória a situação humanitária em qualquer parte de Gaza”, disse o porta-voz adjunto do Departamento de Estado, Vedant Patel, numa conferência de imprensa.