O Conselho da União Europeia aprovou hoje a nomeação do antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, como representante especial para o Sahel, salientando a “importância estratégica” da região em termos de segurança e estabilidade.
“Hoje, o Conselho chegou a acordo sobre a nomeação de um novo representante especial da União Europeia para o Sahel”, anunciou a atual presidência húngara do Conselho, numa publicação na rede social X.
✅ Today, the Council agreed on the appointment of a new EU Special Representative responsible for the Sahel. The relationship with the Sahel region is of strategic importance to the EU in terms of security and stability, international climate and sustainable development… pic.twitter.com/bbFyFk13Yu
— Hungarian Presidency of the Council of the EU 2024 (@HU24EU) November 13, 2024
Fonte comunitária ligada ao processo confirmou à agência Lusa tratar-se de João Gomes Cravinho, que havia sido nomeado em meados de outubro para este cargo de representante especial da União Europeia para o Sahel, que ocupará de 1 de dezembro deste ano a agosto de 2026.
A mesma fonte explicou que este aval de hoje ainda tem de ser formalizado, o que deverá acontecer na reunião dos ministros europeus dos Negócios Estrangeiros, na próxima segunda-feira em Bruxelas.
Na publicação no X, a presidência húngara do Conselho da União Europeia salienta que “a relação com a região do Sahel é de importância estratégica para a União Europeia em termos de segurança e estabilidade, de compromissos internacionais em matéria de clima e desenvolvimento sustentável e de rotas migratórias ligadas à Europa”.
Em meados de outubro, em declarações à Lusa, João Gomes Cravinho afirmou que a Europa é a única capaz de “tomar conta daquela região”.
“Trabalho não me vai faltar, e importância estratégica da região para a Europa também não; se não tomarmos conta disto, e mais ninguém vai tomar, porque os Estados Unidos olham para o Sahel como um problema que afeta a Europa, a NATO também não tem instrumentos nem vocação para trabalhar aqui, portanto é a União Europeia que tem de usar os seus instrumentos para gerar uma dinâmica diferente na região”, disse na altura o antigo governante.
Falando sobre o seu futuro cargo, João Gomes Cravinho afirmou: “O meu trabalho é criar condições para que se possam por em prática algumas das vantagens que temos em termos de ajuda humanitária, cooperação para o desenvolvimento, criação de condições para apoiar as instituições e apoio para formação de forças de segurança, que são alguns dos muitos instrumentos que não estão a ser utilizados porque não se conseguiu encontrar a forma de diálogo e desenvolvimento de sinergias mais adequada para a região”.
O Sahel é uma extensa área que atravessa longitudinalmente África, desde o Senegal até à Eritreia, mas o foco da UE vai centrar-se na Mauritânia, Mali, Burkina Faso, Chade e Níger, sendo que em três deles houve golpes de Estado nos últimos anos (Mali, Burkina Faso e Níger), e deverá também ser dada uma atenção especial aos países da costa atlântica.
Do ponto de vista estratégico, esta região é muito importante para a Europa, não só devido à instabilidade que atravessa, mas também pelos problemas que pode trazer para o velho Continente, de acordo com Gomes Cravinho.
Ainda em meados de outubro, o Governo português saudou a escolha do chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, referente ao nome de João Gomes Cravinho, adiantando que este cargo “prestigia Portugal” por ser uma “importantíssima missão”.