A União de Sindicatos de Évora acusou hoje a fábrica da multinacional TE Connectivity de impor aos trabalhadores “férias forçadas”, alguns recorrendo a dias de 2025, para parar a produção durante uma semana em agosto.
Em declarações à agência Lusa, o coordenador da União de Sindicatos do Distrito de Évora (USDE), Tiago Aldeias, afirmou que se trata de “uma imposição de férias forçadas aos trabalhadores” por parte da administração da fábrica.
“Altera os mapas de férias que os trabalhadores já tinham e coloca a alguns um problema grave, que é, como já tinham os mapas de férias planeados, vão ter que recorrer a dias de férias do ano 2025”, alegou o sindicalista.
A Lusa contactou a fábrica de Évora da TE Connectivity, tendo um funcionário pedido para que fosse enviado por e-mail o pedido de esclarecimentos, o qual seguiu na segunda-feira à tarde, mas, até ao final desta manhã, não houve resposta da empresa.
Nas declarações à Lusa, o coordenador da USDE indicou que a fábrica desta multinacional que produz componentes eletrónicos para a indústria automóvel informou os trabalhadores, na semana passada, de que iria parar a produção de 13 a 19 de agosto.
A empresa “alega que há uma quebra de 20% da produção” e apresenta esta medida aos trabalhadores “com o medo à frente e [referindo] que a solução é esta, porque, se não for esta, há problemas na produção e a fábrica fica com dificuldades”, disse.
Segundo Tiago Aldeias, “todos os anos, na primeira e na segunda quinzena de agosto, há quebras nas produções em todas as fábricas do mundo”, devido ao período de férias, e algumas empresas decidem parar, salientando que a TE Connectivity em Évora “não o fez”.
“Não nos parece correto que a empresa decida alterar a sua produção e passar a totalidade da responsabilidade para os trabalhadores, por não produzir durante aqueles dias, porque o fez [o anúncio da paragem] em cima da hora”, sublinhou.
O dirigente sindical sustentou que “a empresa tem a possibilidade de decidir em que períodos de tempo pretende fechar por opção sua de planeamento e os trabalhadores têm que organizar a sua vida em função disso”
“O facto é que a empresa não o fez. Os trabalhadores marcaram as suas férias e, agora, com um mês de antecedência, vem dizer que vai fechar naquela altura e os trabalhadores têm que suportar aquele encerramento com dias de férias”, criticou.
Além disso, frisou o sindicalista, a TE Connectivity quando fez as reuniões para anunciar a medida aos trabalhadores “até faltou à verdade”, pois “disse que tinha comunicado isto aos sindicatos quando não o fez”.
“Estamos a procurar esclarecer os trabalhadores que não tem que ser assim e, não havendo uma alteração deste procedimento, procuraremos intervir junto da ACT [Autoridade para as Condições no Trabalho] e das entidades competentes”, acrescentou.
A fábrica da TE Connectivity produz componentes eletrónicos para a indústria automóvel e está instalada em Évora há mais de 40 anos, empregando cerca de 1.500 trabalhadores.