Duas pessoas invadiram as mesas de voto nas eleições gerais de quarta-feira no distrito de Búzi, centro de Moçambique. Uma delas foi atingida a tiro pela polícia e outra detida, anunciou hoje aquela força de segurança.

“Em função desta ocorrência, a PRM [Polícia da República de Moçambique] viu-se obrigada a efetuar disparos, um dos quais teria infelizmente atingido um dos membros inferiores de um dos indivíduos que se encontrava a protagonizar este tipo de atos de vandalização”, explicou, em declarações aos jornalistas, Dércio Chacate, porta-voz da PRM na província de Sofala.

O homem foi “prontamente socorrido para o hospital local”, onde recebe assistência médica, acrescentou.

De acordo com o comando provincial da PRM em Sofala, que fez o balanço das eleições gerais de quarta-feira, o caso deu-se na localidade de Baundua, distrito de Buzi, quando “indivíduos identificados como do partido Podemos”, extraparlamentar e que apoia a candidatura de Venâncio Mondlane à Presidência da República, “sob orientação do delegado político distrital” invadiram duas mesas de voto “na perspetiva de vandalizar”.

“Vandalizaram uma viatura da PRM, agrediram fisicamente os agentes que se encontravam no local e atearam fogo numa das cabines”, afirmou Dércio Chacate.

Os agentes, prosseguiu, dispararam contra os dois homens, um dos quais já se encontra detido, decorrendo diligências com vista à detenção do alegado mandante do crime.

“Neste momento está-se a efetuar diligências para se neutralizar o delegado distrital [do Podemos], porque segundo informações colhidas no local esta ação de vandalização foi sob sua orientação”, disse ainda o porta-voz da PRM.

As eleições gerais de quarta-feira incluíram as sétimas presidenciais – às quais já não concorreu o atual chefe de Estado, Filipe Nyusi, que atingiu o limite constitucional de dois mandatos – em simultâneo com as sétimas legislativas e quartas para assembleias e governadores provinciais.

Concorrem nesta eleição à Presidência da República Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM, terceira força parlamentar), Daniel Chapo, com o apoio da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder desde 1975), Venâncio Mondlane, apoiado pelo partido extraparlamentar Podemos, e Ossufo Momade, com o apoio da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, maior partido da oposição).

A publicação dos resultados da eleição presidencial pela Comissão Nacional de Eleições, caso não haja segunda volta, demora até 15 dias, antes de seguirem para validação do Conselho Constitucional, que não tem prazos para proclamar os resultados oficiais após analisar eventuais recursos.

A votação incluiu legislativas (250 deputados) e para assembleias provinciais e respetivos governadores de província, neste caso com 794 mandatos a distribuir. A CNE aprovou listas de 35 partidos políticos candidatas à Assembleia da República e 14 partidos políticos e grupos de cidadãos eleitores às assembleias provinciais.