Um mundo mais inclusivo, especialmente em relação à comunidade LGBTQ+ o tema do artigo desta semana, é, de facto, um reflexo de modernidade e progresso social não só em Portugal como no mundo, mas que exige reflexão para o termo NÓS enquanto sociedade. A inclusão promove uma sociedade mais justa, igualitária e rica em diversidade e no respeito pelos direitos humanos ao promover e respeitar a diversidade sexual.
A indústria onde exerço a minha profissão faz vinte décadas (turismo), é porventura o paradigma das mudanças e modernidade na sociedade, isto porque reflete a evolução social e promove a diversidade e a construção social de um ecossistema positivo independentemente das escolhas pessoais de cada ser humano. O respeito vai muito mais além da realidade da aceitação passiva, mas sim uma celebração ativa da diversidade e da singularidade de cada ser humano, reconhecer e valorizar as orientações sexuais e identidades de género é viver em liberdade e democracia.
É necessário enaltecer primeiramente, que a orientação sexual e a identidade de género são aspetos intrínsecos da identidade de cada ser humano, negar ou desrespeitar esses aspetos é per si uma forma de desumanização, é preciso acima de tudo promover um ambiente de respeito por todas as opções sejam LGBTQ+ ou heterossexuais. A diversidade é um dos maiores trunfos que Portugal pode apresentar como uma sociedade moderna, e porventura a indústria do turismo foi uma das maiores bandeiras de como em 50 anos o nosso Portugal, abriu portas além-fronteiras por promover um ambiente mais criativo, inovador e colaborativo entre todas as orientações sexuais e raças, se podemos melhorar? Sem dúvida, ainda somos uma jovem democracia e existem espectros de inclusão a serem desenvolvidos em diversos grupos.
O respeito pelas opções individuais LGBTQ+ é uma questão acima de justiça social, é reconhecer que todos nós como seres humanos, merecemos todos de igual forma ter os mesmos direitos e oportunidade, sem discriminação da orientação sexual ou raça. É um passo vital para erradicar o preconceito e construir uma sociedade onde todos possamos construir um ecossistema mais justo e equitativo. Em um mundo cada vez mais polarizado e extremado nos meios de comunicação social e nas redes sociais, os desafios à inclusão e ao desenvolvimento tornam-se cada vez mais complexos, é necessário “lutar” contra as ameaças da coesão social e as divisões culturais, isso porque dificultam a implementação de práticas inclusivas e o progresso sustentável das sociedades.
Os perigos do discurso polarizado e do extremismo atuais são um elemento preocupante, fui educado desde a minha infância a respeitar os outros seja qual fossem a sua origem ou orientação sexual, agradeço à minha família esta abertura de respeito ao próximo e hoje escrevendo este artigo já como pai, tanto eu como a minha mulher queremos transmitir ao nosso filho, valores transversais que deveriam ser aceites a todas as sociedades, é necessário uma cadeia de união em torno de valores tao básicos como o respeito ao próximo, mas que são a pedra basilar da nossa evolução como humanos e da democracia.
O perigo dos discursos atuais, leva à erosão de um diálogo construtivo e civilizado, isto porque vemos debates onde existe mais o ataque pessoal que troca de ideias/discussões construtivas em prol de uma sociedade prospera e moderna. Estes discursos polarizam e intensificam a discriminação contra as minorias, é necessário combater narrativas que fomentem tensões sociais. É necessário enaltecer que a inovação prospera em ambientes mais diversos e inclusivos, quanto mais a sociedade é dividida em grupos ou estereótipos, a colaboração entre as pessoas é dificultada, restringindo o fluxo de ideias e criatividade, isto pode retardar o processo tecnológico e a inovação para enfrentar os novos desafios globais e atuais, neste nosso “cantinho” à beira-mar plantado com mais de oitocentos anos de história.
É necessário e crucial promover a inclusão para fomentar o diálogo e a empatia entre os diversos grupos, para permitir reduzir tensões e construir pontes de entendimento, sejam pelos direitos humanos da comunidade LBGTQ+, raciais, minorias étnicas e culturais e a base deste desenvolvimento da sociedade passa pela educação e cidadania de cada um de nós, enquanto seres humanos, promovendo a inclusão e protegendo os direitos de todos os cidadãos, especialmente os mais vulneráveis.
O mundo nunca foi perfeito, nós enquanto humanos nunca fomos perfeitos, mas o caminho a ser percorrido tem de ser mais iluminado e inclusivo, em prol de uma geração mais consciente do impacto inerente ao respeito às diferenças e a colaboração num mundo cada vez mais conectado. A premissa máxima é o respeito e a inclusão pelas minorias, mas gostaria de enaltecer o papel da organização “Open for Business” esta surge da coligação de algumas das maiores empresas globais e “advisors” de renome académico, tendo início em 2015 no “Annual Summit – Clinton Global Initiative”, promovido pela fundação Bill Clinton, esta elaborou o relatório “Open For Business LGBTQ+”, onde defendem a inclusão e diversidade como base de oportunidades equitativas para LGBTQ+ no mundo , o relatório correlaciona diversos dados, mas ressalva que em alguns países uma sociedade menos inclusiva tem impacto económico negativo direto no PIB de até 2%.
Elaborar um plano estratégico em que a diversidade e a inclusão social das minorias sejam a força motriz e a base do desenvolvimento, pode ainda não ser transversal em todos os espetros sociais de Portugal, mas é uma realidade incontestável e prática em diversas empresas, mencionar somente que Portugal no quadro da União Europeia, na análise de dados do “Gender Equality Index” de 2023 (dados compilados de 2021/2022) de 0 a 100, Portugal possui 67.4 pontos, ocupando a 15ª posição e abaixo da média europeia em 2.8 pontos, mas observando uma melhoria continua ao longo dos anos, sendo os exemplos a seguir pela positiva Dinamarca, Luxemburgo, Finlândia, Espanha, Países Baixos e a França.
Em suma, na minha modesta opinião, necessitamos de Portugal cada vez mais expansionista e inclusivo, seja a nível humano e empresarial e termino citando o famoso artista de arte contemporânea Andy Warhol “(…) Dizem que o tempo muda as coisas, mas somos nós quem tem de as mudar”.