O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, destacou hoje em Washington a convicção da União Europeia (UE) em construir um “forte pilar de segurança e defesa” com vista a tornar a NATO militarmente menos dependente dos Estados Unidos.

“Durante décadas, acreditámos que a UE tinha de defender os valores e princípios democráticos e melhorar a economia dos mercados europeus, mas agora, olhando para o futuro, compreendemos que isso não é suficiente para defender a nossa posição”, disse Michel em conferência de imprensa num hotel da capital norte-americana, onde esta semana se realiza a cimeira da Aliança Atlântica.

O antigo primeiro-ministro da Bélgica (2014-2019) observou que as sociedades atuais, para melhorarem as suas condições de vida e desenvolvimento, precisam primeiro de paz e segurança.

Neste sentido, considerou que a cimeira da Aliança Atlântica que decorre na capital norte-americana até quinta-feira e as reuniões bilaterais à margem são uma oportunidade para colaborar com os parceiros e reforçar que existe um compromisso de defesa da segurança no resto do mundo.

O político sustentou que os líderes europeus que se encontram em Washington têm uma posição clara sobre a necessidade de investir mais na defesa e na segurança, ao mesmo tempo que a UE já está a ser mais eficaz nesta matéria.

Para tal, a Comissão Europeia (CE) propôs, em março, dinamizar a indústria militar com pelo menos 1,5 mil milhões de euros, com o objetivo de aumentar a sua própria produção, medida que para Michel não é incompatível com a cooperação com outros parceiros.

Estas intenções são uma boa notícia para a NATO, afirmou, pois vão ao encontro de garantir a defesa coletiva dos seus membros.

Um dos temas em que se centra a atenção nesta Cimeira da NATO, que celebra o seu 75.º aniversário na cidade onde teve origem o Tratado do Atlântico Norte, é a aprovação de medidas que garantam o apoio a longo prazo à Ucrânia contra a invasão da Rússia.

Sobre este conflito, Michel deixou claro que a UE, ao acreditar nos princípios democráticos, apoia e quer defender a Ucrânia e aproveitou para mais uma vez para se distanciar da visita realizada em 05 de julho pelo primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, a Moscovo, onde se avistou com o Presidente russo, Vladimir Putin.

“É importante esclarecer quem pode falar e quem não pode falar em nome da União Europeia”, insistiu. Tal como outros representantes europeus, defendeu que o facto de Budapeste exercer a presidência rotativa da UE não implica que a represente. “A Hungria não pode usar a sua presidência de seis meses [do Conselho da UE] para defender as suas opiniões nacionais”, sublinhou.

Por último, destacou algumas das medidas que o Conselho Europeu quer incentivar para que a UE seja mais eficiente com os seus recursos porque, defendeu, atribui muito dinheiro para financiar projetos, mas de forma demasiado fragmentada.

Entre estes, destacou os investimentos sustentáveis, o aumento das compras públicas conjuntas entre os membros e a expansão dos projetos de cooperação europeia.