Miguel Costa Matos lançou Portugal, e agora?, com 30 ideias para transformar o nosso país, pensado e escrito muito antes da demissão de António Costa e da convocação de eleições antecipadas, por Marcelo Rebelo de Sousa, para o próximo dia 10 de março. Trata-se de um exercício de pensar que futuro e que país se quer deixar para as próximas gerações, não fosse ele líder da Juventude Socialista e tenha sido, na altura da sua primeira eleição, o deputado mais jovem de sempre a sentar-se no hemiciclo da Assembleia da República.
“Este não é um livro técnico, procuro deixar sementes. As ideias que aqui apresento são um acrescento à biodiversidade da nossa democracia. A nossa democracia precisa de ideias”, explica Miguel Costa Matos, que traça um cenário pouco otimista da situação dos jovens no nosso país. “A condição dos jovens em Portugal é difícil. Apesar da impressionante redução do desemprego jovem – de 32,9% quando António Costa tomou posse como primeiro-ministro para 20,3% no terceiro trimestre de 2023, segundo o INE –, os salários em Portugal continuam significativamente abaixo dos praticados em outros países da União Europeia. À crise dos baixos salários soma-se a da precariedade – dois terços dos jovens têm contratos precários – e também a da falta de habitação a custos acessíveis, levando a que a idade média de saída de casa dos pais em Portugal seja uma das mais altas da União Europeia.”
Com o lançamento do livro a coincidir com o final da pré-campanha, Pedro Nuno Santos aproveita as três páginas do prefácio que assina para resumir ideologicamente o programa eleitoral do PS – enaltecendo as conquistas de Abril, que permitem que “o filho do operário seja ensinado pelo professor, que é tratado pelo médico, que, por sua vez, é protegido pelo polícia, que come os legumes colhidos pelo imigrante, que veste a roupa confecionada pelo operário”–, ao mesmo tempo que ataca a ameaça do populismo, “já não só confinado à extrema-direita, mas alastrando à direita democrática, rendida aos seus temas e aos seus modos”. Reclamando o legado das maiores construções coletivas do Portugal do pós-25 de Abril – a democracia e o Estado social –, o secretário-geral socialista defende que é preciso deixar de falar no passado, apesar de o ter feito com insistência durante os debates e nestes primeiros dias de campanha.
Sem Pedro Nuno Santos, Miguel Costa Matos contou com António Costa e Duarte Cordeiro na sessão de apresentação, perante uma sala a rebentar pelas costuras, com ministros, militantes do PS e da JS e simples simpatizantes.
O primeiro-ministro demissionário aproveitou a ocasião para falar aos eleitores mais jovens – faixa etária que escapa ao PS, a “geração-charneira” que precisa de ser “agarrada” –, para defender o legado dos seus oito anos de governação:
“A economia de valor acrescentado que o Miguel refere [no livro] e geradora de maior rendimento de que tem falado o secretário-geral socialista é possível porque hoje temos um capital humano que antes não tínhamos.”
Além de António Costa e Duarte Cordeiro, estiveram também presentes os ministros da Economia, António Costa Silva; dos Assuntos Parlamentares,AnaCatarina Mendes; da Agricultura, Maria do Céu Antunes; e da Ciência e Ensino Superior, Elvira Fortunato, além do secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Tiago Antunes.
Artigo publicado na edição do NOVO de 2 de março